A ordem de votação pode levar a nova batalha judicial, segundo avaliação de partidos que tiveram acesso à lista, obtida pelo GLOBO e antecipada pelo blog Panorama Político. Governistas sustentam que deve prevalecer o precedente do processo de deposição do então presidente Fernando Collor, em 1992, quando a convocação foi por ordem alfabética dos parlamentares, sem considerar os estados de onde eles são.
A lista de votantes foi obtida pelo GLOBO junto a um dos correligionários de Cunha. Nos bastidores, aliados do peemedebista dizem que a ordem deve ser essa para constranger os deputados do Nordeste, que votariam, em tese, com um placar desfavorável à presidente.
A ordem é estabelecida por Cunha, que ainda não tornou oficial o rito de votação. Ele está alinhado com a oposição para aprovar o impeachment.
A aliados ele tem dito que não há regra para estabelecer a ordem de votação e que, qualquer que ela seja, “o importante é que todos vão votar”.
RIO EM 18ª NA FILA
O documento intercala nas primeiras 14 posições unidades da Federação das regiões Sul, Norte e Centro-Oeste. Estado mais populoso e com a maior bancada, São Paulo será o 16º a ser chamado. Outros estados mais populosos, Minas é o 22º e o Rio, o 18º.
Cinco dos nove estados do Nordeste, incluindo os de maior população, estão concentrados nas cinco últimas posições da lista de Cunha. Bahia e Pernambuco, os mais populosos, são, respectivamente o 24º e o 25º da relação.
A estratégia do governo, porém, é judicializar todos os aspectos possíveis do impeachment. Cunha deve anunciar o ritual de votação em plenário próximo da data da sessão, justamente para evitar a antecipação das controvérsias nos tribunais.
Os governistas sustentam que ele precisa seguir rigorosamente o rito adotado no impeachment de Collor, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. Ao decidir o rito do impeachment, no mês passado, os ministros do STF levaram em consideração o processo de 1992.
Os ministros decidiram, por exemplo, que o Senado não é obrigado a dar andamento ao processo de impeachment da Câmara. Os senadores devem fazer uma votação prévia para aceitar ou rejeitar a recomendação dos deputados. Desta forma, Dilma só poderá ser afastada do cargo por 180 dias, como prevê a Constituição, após uma decisão favorável dos senadores. Neste caso, seria aberto o processo no Senado sob o comando do presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski.
O Supremo também usou o exemplo do impeachment de Fernando Collor para determinar que a comissão especial da Câmara tinha de ser formada por indicação dos líderes, ficando proibida a formação de chapas alternativas. Foi isso que obrigou a Câmara a refazer a escolha dos integrantes da comissão.
Em 29 de setembro de 1992, na votação que aprovou o pedido de impeachment de Collor, o então presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), determinou que a votação fosse por ordem alfabética entre todos os parlamentares. Na ocasião, estiveram presentes no plenário 480 dos 503 deputados, e coube a Paulo Romano (PFL-MG) dar o 336º e decisivo voto. Ao fim da sessão, 441 deputados foram a favor do impeachment e 38 contra.
Temendo a pressão, alguns deputados com nomes começando com a letra A, e que portanto teriam de dar os primeiros votos, chegaram a se ausentar do plenário e votaram apenas na segunda chamada.
A expectativa é que a sessão do impeachment no plenário da Câmara ocorra a partir de 15 de abril. Além da ordem de votação, os oposicionistas esperam que manifestações em frente ao Congresso ajudem a constranger deputados indecisos e a fazer com que eles votem contra a presidente. Cunha tem participado diretamente da articulação de estratégias para assegurar os votos necessários para o impeachment.
A ORDEM DE VOTAÇÃO
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G1
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