Foto: Diego Albuquerque (Colaborador Eixo Produção)
A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta e registra em mais da metade de seu território diferentes graus de degradação. Apenas 2% de sua área estão protegidas em unidades de conservação. Diante destas ameaças, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropria (Irpaa) em parceria com dez comunidades de Fundo de Pasto em todos os municípios do Território Sertão do São Francisco, vem dando continuidade ao projeto Recaatingamento, implantado em 2009 a partir de parceria do Irpaa com comunidades agropastoris e extrativistas.
A conservação de recursos naturais, a valorização, recomposição e recuperação da Caatinga, educação ambiental contextualizada, melhoria de renda e acesso a políticas públicas são temas estruturais deste projeto, onde as próprias comunidades são os principais agentes responsáveis pelas transformações socioambientais, visando a conservação e recuperação do ambiente onde vivem.
Parceria
O Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad) é um projeto coordenado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e tem como objetivo promover a recuperação e a conservação da flora de áreas prioritárias para a conservação da Caatinga, situadas na Bacia Hidrográfica do São Francisco. O Crad vem promovendo cursos e oficinas para as unidades familiares visando uma coleta adequada de sementes e outras atividades voltadas para a identificação, marcação e geoprocessamento de matrizes, bem como a confecção de mapas temáticos e a elaboração de protocolos de beneficiamento e armazenamento de sementes com a criação de uma Rede de Sementes de espécies da Caatinga.
Diante de tantas afinidades técnicas e objetivos em comum, o Irpaa e Crad realizaram nesse mês de abril uma sequência de atividades para troca de experiência e discussão sobre os desafios para a recuperação, recomposição e conservação do bioma Caatinga. Uma dessas atividades contou com a participação de colaboradoras/es do Irpaa que atuam nos 10 municípios do Território Sertão do São Francisco que puderam conhecer a estrutura do Crad, discutir sobre fundamentos do processo de seleção, beneficiamento e armazenamento de sementes, além de entender melhor sobre as técnicas de identificação e classificação.
Na xiloteca, espaço destinado ao arquivamento e estudo de madeiras, foi discutido sobre o uso sustentável do potencial madeireiro disponível na Caatinga. Em campo foi visto o processo de produção de mudas, visitação aos viveiros e casas de vegetação e manejo florestal em parcelas de recuperação. Segundo José Alves de Siqueira Filho, diretor fundador do Card, “o momento exige outras ações unificadas, onde as entidades dispostas a atuar com um consenso mínimo pela preservação da Caatinga, dialoguem ainda mais, pois o momento é urgente e não temos mais tempo para divergências menores que causam afastamento de quem pretende defender as questões ambientais”.
Uma reunião realizada entre as duas entidades firmou a necessidade de continuar interligando as ações desenvolvidas. Como resultados dessa parceria estão previstos para ocorrer outros momentos de intercâmbios para troca de experiência, cursos de formação de agentes ambientais, palestras, parceria em pesquisas e visitas às comunidades acompanhadas pelo Irpaa.
Texto e Foto: Diego Albuquerque (Colaborador Eixo Produção)
Edição: Eixo Comunicação
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