Na região central do Rio, uma multidão ovacionou o ex-presidente Lula, que subiu ao palco com os artistas na Fundição Progresso (Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo)
Em ato no Rio com artistas e intelectuais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer, na noite desta segunda-feira, que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é "golpe". Ao saber que a comissão da Câmara aprovou o relatório que pede o afastamento de Dilma, Lula disse que a votação no plenário, no próximo domingo, é que importa:
— A comissão acabou de derrotar a gente, parece que 38 a 27, mas isso não quer dizer nada. A comissão foi montada pelo Eduardo Jorge (Eduardo Cunha). É o time dele. Domingo é que nós temos que ter clareza. Nós sabemos que temos que conversar com os deputados.
Com a presença do ex-presidente, artistas e intelectuais lançaram, na noite desta segunda, um manifesto que cita a existência de um "golpe em andamento" contra o governo Dilma. O cantor Chico Buarque esteve presente e discursou para o público, que lotou a Fundição Progresso, na Lapa. O ato seguiu para o lado de fora, onde um palco foi montado sob os Arcos da Lapa. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
Chico Buarque subiu ao palco e deu um abraço em Lula. O cantor disse que não pretendia falar, por já haver se manifestado no ato do dia 31 de março, mas se sensibilizou com os gritos do público, que entoou "Chico, eu te amo":
— Depois eu vi que vocês amam todo mundo — brincou. — Estaremos juntos em defesa da democracia. Não vai ter golpe — disse rapidamente.
Entre os presentes estão Wagner Moura, Simone Spoladore, Leonardo Boff, Otto, Ziraldo, Alceu Valença, Beth Carvalho, que gravou um samba contra vo impeachment, Fernando Morais, Gregório Duvivier, Letícia Sabatella, Rico Dalasam, Tico Santa Cruz, Nelson Sargento, Eric Nepomuceno, Luiz Carlos Barreto, Gregório Duvivier, Jards Macalé, Aderbal Freire Filho, entre outros representantes da cultura popular brasileira.
Simpatizantes do PT e integrantes de movimentos sociais, como a Central Unica dos Trabalhadores (CUT) e Federação Única dos Petroleiros (FUP) também acompanham o evento, que os organizadores chamaram de ato "em defesa da democracia".
LULA: 'A COMPANHEIRA DILMA APRENDEU UMA LIÇÃO'
O ato foi marcado por ataques ao "golpe" e, ao mesmo tempo, por críticas ao governo, especialmente em relação às alianças construídas para a governabilidade. Até Lula afirmou que a presidente Dilma "aprendeu uma lição" ao propor um ajuste fiscal durante o ano passado.
Setores do PT criticam as medidas econômicas, como a restrição de crédito e o corte de gastos, desde que o governo incorporou o assunto à agenda, no início do primeiro mandato. Em dezembro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que estava à frente do ajuste, deixou a pasta.
— Agora a companheira Dilma aprendeu uma lição. Fez uma proposta de ajuste que nenhum companheiro gostou, porque foi para atender o mercado. O mercado dela não é o banqueiro, é o povo consumidor, é o trabalhador, o cara que vai comprar carne. É o cara que vai no supermercado — disse.
Lula, mais uma vez, classificou o impeachment de "golpe" e afirmou que os políticos à frente do processo deveriam mirar seu próprio exemplo, já que foi derrotado em várias eleições.
— Quem quer tirar: (Michel) Temer, Eduardo Cunha, Geddel (Vieira Lima), Henrique Eduardo Alves, Padilha, Wellington Moreira Franco, que governou esse estado. Essa gente deveria olhar minha vida e perceber que perdi em 1982, em 1989, em 1994, em 1998, e vocês nunca me viram reclamar, dizer que mandato de alguém é ilegal — afirmou o ex-presidente, que disse que os adversários do governo só se interessam em democracia quando estão governando.
Lula ironizou a oposição e afirmou que os adversários do governo devem "aprender a esperar":
— Ela (Dilma) tomou posse há um ano e quatro meses e eles não deixam a Dilma governar. Para os nossos amigos que querem dar o golpe: aprendam com o Lula. O Lula aprendeu a esperar.
O ex-presidente ressaltou ainda que não tem o objetivo de "dividir a sociedade", em relação à polarização política no país. Lula destacou que as ações de seus oito anos de governo beneficiaram todas as classes sociais do país:
— Não quero dividir a sociedade entre nós e eles, porque ninguém governou mais para todos do que eu. Duvido que tenha um empresário, um banqueiro, um fazendeiro, um prefeito do DEM que diga "o Lula me discriminou".
Lula se queixou que "inventaram" que ele é dono de um apartamento e de um sítio, em referencia aos imóveis do Guarujá e de Atibaia, respectivamente, e afirmou que "vão ter que dar" a ele os imóveis um dia. Ele também se mostrou preocupado a rejeição aos políticos observada em protestos pró-impeachment.
O ex-presidente também mostrou preocupação com a rejeição à classe política, que marcou os protestos a favor do impeachment.
— Em São Paulo não deixaram o (Geraldo) Alckmin e o Aécio (Neves) falarem, porque quem fala por eles (organizadores dos protestos) é o democrata (Jair) Bolsonaro. Assim que nasceu o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália.
MANIFESTO CITA 'GOLPE'
O escritor Eric Nepomuceno leu o manifesto lançado na Fundição Progresso. Ele disse que o texto recebeu o apoio de Caetano Veloso, que ainda não havia se manifestado sobre o momento político do país. Segundo Nepomuceno, Caetano não participou do ato porque está fora do Brasil.
O Globo
Em ato no Rio com artistas e intelectuais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer, na noite desta segunda-feira, que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é "golpe". Ao saber que a comissão da Câmara aprovou o relatório que pede o afastamento de Dilma, Lula disse que a votação no plenário, no próximo domingo, é que importa:
— A comissão acabou de derrotar a gente, parece que 38 a 27, mas isso não quer dizer nada. A comissão foi montada pelo Eduardo Jorge (Eduardo Cunha). É o time dele. Domingo é que nós temos que ter clareza. Nós sabemos que temos que conversar com os deputados.
Com a presença do ex-presidente, artistas e intelectuais lançaram, na noite desta segunda, um manifesto que cita a existência de um "golpe em andamento" contra o governo Dilma. O cantor Chico Buarque esteve presente e discursou para o público, que lotou a Fundição Progresso, na Lapa. O ato seguiu para o lado de fora, onde um palco foi montado sob os Arcos da Lapa. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
Chico Buarque subiu ao palco e deu um abraço em Lula. O cantor disse que não pretendia falar, por já haver se manifestado no ato do dia 31 de março, mas se sensibilizou com os gritos do público, que entoou "Chico, eu te amo":
— Depois eu vi que vocês amam todo mundo — brincou. — Estaremos juntos em defesa da democracia. Não vai ter golpe — disse rapidamente.
Entre os presentes estão Wagner Moura, Simone Spoladore, Leonardo Boff, Otto, Ziraldo, Alceu Valença, Beth Carvalho, que gravou um samba contra vo impeachment, Fernando Morais, Gregório Duvivier, Letícia Sabatella, Rico Dalasam, Tico Santa Cruz, Nelson Sargento, Eric Nepomuceno, Luiz Carlos Barreto, Gregório Duvivier, Jards Macalé, Aderbal Freire Filho, entre outros representantes da cultura popular brasileira.
Simpatizantes do PT e integrantes de movimentos sociais, como a Central Unica dos Trabalhadores (CUT) e Federação Única dos Petroleiros (FUP) também acompanham o evento, que os organizadores chamaram de ato "em defesa da democracia".
LULA: 'A COMPANHEIRA DILMA APRENDEU UMA LIÇÃO'
O ato foi marcado por ataques ao "golpe" e, ao mesmo tempo, por críticas ao governo, especialmente em relação às alianças construídas para a governabilidade. Até Lula afirmou que a presidente Dilma "aprendeu uma lição" ao propor um ajuste fiscal durante o ano passado.
Setores do PT criticam as medidas econômicas, como a restrição de crédito e o corte de gastos, desde que o governo incorporou o assunto à agenda, no início do primeiro mandato. Em dezembro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que estava à frente do ajuste, deixou a pasta.
— Agora a companheira Dilma aprendeu uma lição. Fez uma proposta de ajuste que nenhum companheiro gostou, porque foi para atender o mercado. O mercado dela não é o banqueiro, é o povo consumidor, é o trabalhador, o cara que vai comprar carne. É o cara que vai no supermercado — disse.
Lula, mais uma vez, classificou o impeachment de "golpe" e afirmou que os políticos à frente do processo deveriam mirar seu próprio exemplo, já que foi derrotado em várias eleições.
— Quem quer tirar: (Michel) Temer, Eduardo Cunha, Geddel (Vieira Lima), Henrique Eduardo Alves, Padilha, Wellington Moreira Franco, que governou esse estado. Essa gente deveria olhar minha vida e perceber que perdi em 1982, em 1989, em 1994, em 1998, e vocês nunca me viram reclamar, dizer que mandato de alguém é ilegal — afirmou o ex-presidente, que disse que os adversários do governo só se interessam em democracia quando estão governando.
Lula ironizou a oposição e afirmou que os adversários do governo devem "aprender a esperar":
— Ela (Dilma) tomou posse há um ano e quatro meses e eles não deixam a Dilma governar. Para os nossos amigos que querem dar o golpe: aprendam com o Lula. O Lula aprendeu a esperar.
O ex-presidente ressaltou ainda que não tem o objetivo de "dividir a sociedade", em relação à polarização política no país. Lula destacou que as ações de seus oito anos de governo beneficiaram todas as classes sociais do país:
— Não quero dividir a sociedade entre nós e eles, porque ninguém governou mais para todos do que eu. Duvido que tenha um empresário, um banqueiro, um fazendeiro, um prefeito do DEM que diga "o Lula me discriminou".
Lula se queixou que "inventaram" que ele é dono de um apartamento e de um sítio, em referencia aos imóveis do Guarujá e de Atibaia, respectivamente, e afirmou que "vão ter que dar" a ele os imóveis um dia. Ele também se mostrou preocupado a rejeição aos políticos observada em protestos pró-impeachment.
O ex-presidente também mostrou preocupação com a rejeição à classe política, que marcou os protestos a favor do impeachment.
— Em São Paulo não deixaram o (Geraldo) Alckmin e o Aécio (Neves) falarem, porque quem fala por eles (organizadores dos protestos) é o democrata (Jair) Bolsonaro. Assim que nasceu o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália.
MANIFESTO CITA 'GOLPE'
O escritor Eric Nepomuceno leu o manifesto lançado na Fundição Progresso. Ele disse que o texto recebeu o apoio de Caetano Veloso, que ainda não havia se manifestado sobre o momento político do país. Segundo Nepomuceno, Caetano não participou do ato porque está fora do Brasil.
O Globo
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