terça-feira, março 22, 2016

Sérgio Moro envia ao STF gravações telefônicas do ex-presidente Lula

   

O juiz federal Sérgio Moro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (21), os áudios das conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato. Nas conversas, a Polícia Federal diz ter encontrado indícios de que a nomeação de Lula para a Casa Civil teria sido para evitar que ele fosse investigado em primeira instância.

Lula chegou a ser nomeado ministro na quarta-feira (16). Assim que o governo anunciou que ele assumiria o cargo, Moro levantou o sigilo sobre as interceptações telefônicas e informou que encaminharia as investigações que correm contra o ex-presidente ao STF, porque ele ganharia foro privilegiado.



Entre o dia 16 e esta segunda-feira, várias decisões judiciais revogaram a posse de Lula e também lhe devolveram o cargo. A última decisão foi tomada na sexta-feira (17), pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Além de anular a nomeação, ele também determinou que as investigações contra o ex-presidente continuassem sob a guarda da Justiça Federal do Paraná.


No entanto, as gravações mostram Lula conversando com vários políticos com direito a foro privilegiado, entre eles, a presidente Dilma Rousseff. Em um dos diálogos, Dilma diz a Lula que lhe enviaria o termo de posse, ainda na quarta-feira para que ele só usasse “em caso de necessidade”. No dia seguinte, quando houve a posse efetivamente, Dilma negou que estivesse tratando de evitar uma eventual prisão de Lula, mas que era para garantir que ele pudesse ser empossado, pois teria que viajar a São Paulo para cuidar da mulher, que estava doente.

Na decisão desta segunda-feira, Moro reconheceu a necessidade de encaminhar ao STF todas as escutas, ainda que sem o cargo de ministro, Lula continue sem direito a foro privilegiado. “Já quanto ao presente processo, como fortuitamente foram colhidos diálogos com interlocutores ocupantes de cargos com foro privilegiado, é o caso de, independentemente da situação jurídica do ex-Presidente, ainda assim remeter ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para eventuais medidas cabíveis”, escreveu o juiz.

A Justiça Federal explicou ainda que, apesar da decisão de Gilmar Mendes, o inquérito foi remetido ao ministro Teori Zavascki porque ele é o relator principal dos processos envolvendo a Operação Lava Jato.

No mesmo despacho, Moro também disse que vai manter em Curitiba os demais inquéritos referentes ao ex-presidente, obedecendo à determinação de Mendes. Lula é investigado por suposta ocultação de patrimônio. Um sítio de Atibaia e um apartemento no Guarujá, ambos em São Paulo, são apontados pela investigação como de propriedade de Lula, embora estejam no nome de outras pessoas ou empresas.

Samuel Nunes
Do G1 PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.