Diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não têm números bem definidos. Programa de rádio 'Saúde com Ciência' conversou com psiquiatras e mãe de uma criança com TDAH. A série será apresentada de 14 a 18/3/2016 em intervalos durante a programação da Web Rádio Petrolândia.
Exigências de produtividade no meio profissional e níveis elevados de estresse em um cotidiano cada vez mais corrido e concorrido. Neste contexto, deve “haver tempo” para, talvez, o mais importante: educar o filho. E se ele é mais desatento e agitado que uma criança, em geral, costuma ser, vale um olhar diferenciado a uma condição recente, a despeito de concepções equivocadas que acusam os pais de buscarem soluções, teoricamente, menos trabalhosas.
No Brasil, não existem pesquisas que estabelecem o número de diagnósticos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tampouco se tais diagnósticos são ou não adequados. Essa realidade talvez contribua para o surgimento dessas concepções acerca do transtorno, até pelo fato de ele ser caracterizado por dificuldades de concentração e/ou agitação frequente, comportamentos geralmente comuns à infância. Em nosso país, entretanto, não há exagero no número de diagnósticos, que hoje buscam definir o TDAH em indivíduos com até 12 anos e não mais sete, devido à relação entre os sintomas iniciais e o aumento das exigências ambientais nessa faixa etária.
É o que pensa o psiquiatra infantil e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade, Arthur Kummer. Segundo ele, a realidade brasileira é de uma educação de baixa qualidade ofertada à maior parte das crianças e, como o transtorno tem íntima ligação com as exigências do ambiente, a real situação é de “subdiagnóstico” e “subtratamento”. “As pessoas que insistem que está havendo um exagero, certamente é pelo fato de elas conviverem em determinados ambientes com amostra enviesada… Elas estão lidando com crianças e adolescentes que frequentam escolas de elite, que são muito exigentes e, eventualmente, pode ser que nesses ambientes haja algum exagero”, afirma.
Se a criança ou adolescente não for exigida no âmbito cognitivo, é possível que o déficit de atenção não represente um problema imediato, comprometendo o diagnóstico e início do tratamento. Por outro lado, o psiquiatra clínico e professor aposentado do Departamento de Psicologia da UFMG, Eudis Garcia, alerta para a necessidade de um diagnóstico bem feito para que não sejam realizados tratamentos inadequados, uma vez que existem pais que recorrem a medicações por mera comodidade: “Na medida em que eles (pais) sabem que há esse recurso, eles procuram psicólogos e psiquiatras que muitas vezes acabam dando a medicação desnecessariamente”.
Alto consumo de medicamentos para TDAH
O metilfenidato, composto principal dos medicamentos para controle do TDAH, como a Ritalina e o Concerta, tem sido usado em larga escala no Brasil. “Esses medicamentos estão sendo utilizados por milhares de pessoas que estão estudando para concursos públicos”, exemplifica Eudis Garcia. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 775% no consumo desses remédios, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Como eles atuam diretamente na área do cérebro responsável pela concentração, muita gente faz uso para “melhorar” o rendimento no trabalho e nos estudos. Sua utilização indiscriminada já foi associada à palpitação cardíaca, aumento da pressão arterial e ansiedade, sendo que possíveis efeitos colaterais a longo prazo ainda são desconhecidos. Tais medicamentos, portanto, devem ser consumidos com responsabilidade e somente em casos prescritos pelo médico responsável.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência apresenta a série “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade” entre os dias 14 de 18 de março de 2016. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
Ele também é veiculado em outras 174 emissoras de rádio, distribuídas em todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
No Brasil, não existem pesquisas que estabelecem o número de diagnósticos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tampouco se tais diagnósticos são ou não adequados. Essa realidade talvez contribua para o surgimento dessas concepções acerca do transtorno, até pelo fato de ele ser caracterizado por dificuldades de concentração e/ou agitação frequente, comportamentos geralmente comuns à infância. Em nosso país, entretanto, não há exagero no número de diagnósticos, que hoje buscam definir o TDAH em indivíduos com até 12 anos e não mais sete, devido à relação entre os sintomas iniciais e o aumento das exigências ambientais nessa faixa etária.
É o que pensa o psiquiatra infantil e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade, Arthur Kummer. Segundo ele, a realidade brasileira é de uma educação de baixa qualidade ofertada à maior parte das crianças e, como o transtorno tem íntima ligação com as exigências do ambiente, a real situação é de “subdiagnóstico” e “subtratamento”. “As pessoas que insistem que está havendo um exagero, certamente é pelo fato de elas conviverem em determinados ambientes com amostra enviesada… Elas estão lidando com crianças e adolescentes que frequentam escolas de elite, que são muito exigentes e, eventualmente, pode ser que nesses ambientes haja algum exagero”, afirma.
Se a criança ou adolescente não for exigida no âmbito cognitivo, é possível que o déficit de atenção não represente um problema imediato, comprometendo o diagnóstico e início do tratamento. Por outro lado, o psiquiatra clínico e professor aposentado do Departamento de Psicologia da UFMG, Eudis Garcia, alerta para a necessidade de um diagnóstico bem feito para que não sejam realizados tratamentos inadequados, uma vez que existem pais que recorrem a medicações por mera comodidade: “Na medida em que eles (pais) sabem que há esse recurso, eles procuram psicólogos e psiquiatras que muitas vezes acabam dando a medicação desnecessariamente”.
Alto consumo de medicamentos para TDAH
O metilfenidato, composto principal dos medicamentos para controle do TDAH, como a Ritalina e o Concerta, tem sido usado em larga escala no Brasil. “Esses medicamentos estão sendo utilizados por milhares de pessoas que estão estudando para concursos públicos”, exemplifica Eudis Garcia. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 775% no consumo desses remédios, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Como eles atuam diretamente na área do cérebro responsável pela concentração, muita gente faz uso para “melhorar” o rendimento no trabalho e nos estudos. Sua utilização indiscriminada já foi associada à palpitação cardíaca, aumento da pressão arterial e ansiedade, sendo que possíveis efeitos colaterais a longo prazo ainda são desconhecidos. Tais medicamentos, portanto, devem ser consumidos com responsabilidade e somente em casos prescritos pelo médico responsável.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência apresenta a série “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade” entre os dias 14 de 18 de março de 2016. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
Ele também é veiculado em outras 174 emissoras de rádio, distribuídas em todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
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