A primeira parte da publicação traz informações sobre os aspectos físicos, políticos e econômicos da Bacia, barragens de mineração, usinas hidrelétricas existentes, além das condições e vulnerabilidades já apontadas pelo Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, elaborado entre 2008 e 2009. Também há detalhes sobre a gestão da Bacia, que além de um Comitê para toda a Bacia hidrográfica, criado em 2002, possui ainda dez comitês de bacias hidrográficas instalados em afluentes do rio Doce, sendo seis em Minas Gerais e quatro no Espírito Santo.
A partir da página 22, a publicação traz a descrição do evento de Mariana e os impactos gerados, principalmente na qualidade e nos usos da água que são detalhados a partir da página 30 com base nos trabalhos realizados pela ANA, pelo Instituto Mineiro de Gestão da Águas (Igam), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), órgão gestor do Espírito Santo, e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
A bacia do rio Doce abrange parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Seu Plano Integrado de Recursos Hídricos já apontava a qualidade das águas como uma das questões cruciais da Bacia. O Plano considerou as ações de saneamento e controle de erosão como as metas mais ambiciosas incorporadas em seu escopo.
Segundo o encarte, as principais atividades de exploração mineral na bacia são aquelas relacionadas à extração de ferro e minério de ferro, presentes em parte das cabeceiras na porção mineira, destacadamente nas bacias dos rios Piracicaba e do Carmo, e a extração de rochas ornamentais, distribuídas principalmente na porção capixaba. As duas principais mineradoras que atuam na bacia são a Vale e a Samarco Mineração, as duas maiores produtoras de minério de ferro do País. A bacia possui 69 barragens de mineração.
Os cursos d’água da bacia do rio Doce funcionam como canais receptores, transportadores e autodepuradores dos rejeitos e efluentes produzidos por essas atividades econômicas e dos esgotos domésticos da grande maioria dos municípios ali existentes, o que compromete a qualidade da água. A falta de tratamento dos esgotos domésticos é um dos principais problemas verificados na bacia. Segundo o Atlas Brasil de Despoluição de Bacias Hidrográficas: Tratamento de Esgotos Urbanos, estudo em andamento na Agência Nacional de Águas (ANA), apenas 41 das 209 cidades localizadas na bacia do rio Doce apresentam serviços de coleta e tratamento de esgotos, sendo que 28 dessas cidades tratam mais da metade do esgoto que produzem.
O desastre trouxe modificações importantes e consequências significativas para diversas situações analisadas. Picos de concentração de diferentes parâmetros medidos foram identificados durante a passagem da onda de rejeitos, com clara tendência de queda para todos os parâmetros analisados até o final do monitoramento emergencial realizado pelo IGAM, com valores mais próximos aos registrados antes do evento.
A qualidade da água do rio Doce estará sujeita a variações decorrentes da liberação da massa de rejeitos acumulada em sua calha quando da ocorrência de chuvas e consequente aumento da vazão, intervenções físicas abruptas no rio e outras ações antrópicas. Nesse contexto, poderão ocorrer novos picos de turbidez, queda de oxigênio dissolvido, aumento temporário da concentração de metais e prejuízos para os diversos usos de água da bacia, o que requer acompanhamento e o tratamento adequado pelas companhias de saneamento da região.
Clique para ler>Encarte Especial da Bacia do Doce integrante da coleção Conjuntura dos Recursos Hídricos, publicação elaborada anualmente pela ANA.
Conheça também o Encarte Especial sobre as Regiões Hidrográficas Brasileiras e o Encarte Especial sobre a Crise Hídrica e a última edição do Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil - 2015
Texto: Cláudia Dianni - ASCOM/ANA
Texto: Cláudia Dianni - ASCOM/ANA
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