A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, realiza visita, na manhã desta quarta-feira (24), ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) para acompanhar de perto as ações desenvolvidas em Pernambuco no combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti (dengue, chikungunya e o vírus da zika), e no tratamento dos casos de microcefalia. A sanitarista chegou à unidade com 40 minutos de atraso e comanda uma mini-conferência no local para exposição de dados sobre o tema.
A diretora também fez uma apresentação com tradução. Elogiou o trabalho realizado no Imip, falou da importância da transparência de dados no Brasil e afirmou que o governo agiu com coragem. "Não é fácil combater o problema, mas a gente pode. A cada dois ano há um ciclo de doenças ligadas ao mosquito. Vamos contar com a população e reduzir a população do mosquito. Se o Brasil se mobilizar, irá causar uma mobilização nos outros países da América Latina", ponderou.
A sanitarista ainda mandou mensagem para as mães com recém-nascidos vítimas da microcefalia. "Temos que pensar nas famílias. Vamos enfrentar este drama por muitos anos. Temos que entender como ajudar essas pessoas", encerrou. Integrante da comitiva da diretora da OMS, o ministro da Saúde, Marcelo Castro ressaltou a expectativa de que as vacinas desenvolvidas no Brasil fiquem prontas o mais breve possível. A estimativa é de que em três anos a do vírus da zika fique pronta e em dois a da dengue.
Pernambuco é o estado com maior número de notificações de microcefalia. Segundo o último boletim divulgado na terça-feira pelo Ministério da Saúde, o estado conta com 1.601 notificações de suspeita, das quais 209 estão confirmadas e 1.188 continuam sob investigação. O Recife tem 42 casos de microcefalia confirmados e 272 sob suspeita. Em 2016, 313 mil imóveis foram vistoriados na cidade, em busca de focos de mosquito. O índice de infestação de Aedes na capital caiu. Em janeiro deste ano, chegou a 1.1%, menor índice dos últimos dez anos. Antes era de 3.8%, em novembro.
Na chegada da comitiva ao Imip, o secretário estadual de Saúde, Iran Costa, falou do alto custo que o estado terá para intensificar as ações de combate à microcefalia em Pernambuco. Segundo ele, os gastos este ano deverão se aproximar dos R$ 30 milhões. Iran Costa acrescentou, ainda, que quatro novos núclos de referências para o tratamento e atendimento aos bebês com microcefalia deverão ser inaugurados nos próximos dias nas cidades de Palmares, Goiana e Limoeiro, na Zona da Mata, e em Ouricuri, no Sertão.
Chan chegou na última terça-feira (23) ao país. Em visita a Brasília, a diretora-geral da OMS afirmou que o governo brasileiro tem sido transparente no combate ao Aedes aegypti – transmissor da dengue, febre amarela, chikungunya e vírus da zika (relacionado à microcefalia). Ela também elogiou o "empenho e liderança" da presidente Dilma Rousseff e as políticas de saúde pública do governo.
“Esse governo tem sido muito transparente em compartilhar informações com a OMS. Assim, a OMS também pode compartilhar todas as informações sobre zika com o resto do mundo”, afirmou a diretora. Ela definiu o Aedes como um mosquito “teimoso” e “tenaz”. “O mosquito é difícil, mas não irá vencer o Brasil.”, disse durante entrevista na capital federal.
Do Recife, a médica deverá viajar para o Rio de Janeiro. À tarde ela visitará a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos mais conceituados centros de pesquisa do país, que comanda uma série de estudos e o desenvolvimento de tecnologias de combate ao Aedes. No final da visita, Chan e a diretora da Opas, Carissa Ettiene, concedem entrevista coletiva na capital fluminense.
Chan foi eleita diretora-geral da OMS após ter sido diretora de saúde em Hong Kong. Em seu primeiro mandato se destacou pelo combate à desnutrição na Ásia e pressão contra problemas sanitários em regimes fechados, como a Coreia do Norte.
Em seu segundo mandato, iniciado em 2012, porém, a OMS sofreu muitas críticas pela demora na reação contra a epidemia de ebola no Oeste da África. Uma reação adequada à epidemia de zika hoje é considerada essencial para a OMS recuperar a credibilidade diante de países em desenvolvimento.
Quadro
Em 2016, até o dia 13 de fevereiro, foram notificados 2.720 casos de arboviroses (dengue, chikungunya e zika) em Pernambuco. Destes, 1.195 casos de dengue, 908 casos de chikungunya e 617 de zika. Dentre as notificações, foram confirmados 612 casos, 459 de dengue e 153 de chikungunya. Para o mesmo período de 2015, foram notificados 2.865 casos de arboviroses, representando uma redução de 5,1% de casos. Em todo o ano de 2015, foram notificados 35.032 casos de arboviroses, sendo 33.070 de dengue, 1.573 de chikungunya e 389 de zika.
G1 PE
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