Além de diarreia, o vírus pode causar paralisia temporária das pernas e afetar o sistema nervoso central. Segundo a pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Patrícia Puccinelli Orlandi, é a primeira vez que o vírus é encontrado no Brasil. Segundo Patrícia, 500 amostras de exames foram enviadas para o pesquisador Tung Phan, da Universidade da Califórnia, com o qual a instituição mantém colaboração. "Ele fez o teste para o vírus. E aí acabamos descobrindo um novo vírus, que é o Gemycircularvirus que estava acometendo 1% das fezes diarreicas dessas crianças. De 500 amostras, identificamos [o vírus] em cinco.”
A pesquisadora ressaltou que, apesar de ter sido descoberto em Manaus, o vírus pode estar presente em outras regiões do país. Fora do Brasil, o vírus foi identificado em países pobres como Sri Lanka, Índia e Camboja.
O Gemycircularvirus é transmitido pelo consumo de água contaminada com fezes portadoras do vírus. Por isso, afirma Patrícia, a falta de saneamento básico em várias regiões brasileiras é preocupante. “Eu acho que é um problema de todo o Brasil, mas é acentuado demais nas regiões Norte e Nordeste. Na Região Norte, temos de 7% a 10% de saneamento básico somente. Este é o agravante principal das doenças de transmissão hídrica, porque – está comprovado em estudos – se houver saneamento básico, os casos de diarreia são reduzidos em 80%.”
A pesquisadora informou que pretende criar uma metodologia capaz de identificar o Gemycircularvirus e outros vírus e disponibilizá-la para os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Agência Brasil
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