Harald zur Hausen ganhou o Nobel em 2008 por ter demonstrado, em 1983, a relação do papilomavírus humano (HPV) com o câncer de colo do útero. Atualmente, defende a vacinação contra o vírus como forma de reduzir a incidência dessa forma de câncer e outras, como os tumores de laringe.
O virologista alemão e prêmio Nobel de Medicina Harald zur Hausen classificou de “exagerados” os temores sobre os efeitos colaterais da vacina do papilomavírus humano (HPV). No final do ano passado, o Ministério Público Federal, em Minas Gerais, entrou com uma ação para proibir a vacinação em todo o país. Segundo o órgão, a imunização teve alta taxa de reações adversas em vários países e há relatos de problemas neurológicos causados pela vacina em Minas Gerais.
“Não há evidências de que a vacina cause efeitos colaterais no sistema nervoso. Isso está ligado à Síndrome de Guillain-Barré [doença neurológica] que acontece, infelizmente, em um determinado número de pessoas em todos os lugares do mundo. Estudos mostram que a Síndrome de Guillain-Barré não é mais frequente em garotas vacinadas do que na população não vacinada”, ressaltou o especialista, que participou de um simpósio promovido pelo hospital A.C.Camargo, referência em tratamento de câncer.
Hausen ganhou o Nobel em 2008 por ter demonstrado, em 1983, a relação do papilomavírus humano (HPV) com o câncer de colo do útero. Atualmente, é um dos defensores da vacinação contra o vírus como forma de reduzir a incidência dessa forma de câncer e outras, como os tumores de laringe. “Eu não recebo dinheiro de nenhuma das empresas que produzem vacinas. Eu estou fortemente convencido de que a vacinação é muito boa”, afirmou, sobre suas convicções.
De acordo com o cientista, os estudos feitos até o momento mostram que os efeitos colaterais da vacina não vão além de pequenas alergias ou desconfortos menores, como dor e vermelhidão no local de aplicação. “Não há nenhum caso de doença que possa ser ligado à vacinação, com exceção dessas alergias. Mas que são muito fáceis de cuidar”, acrescentou.
A incidência de reações adversas é, segundo Hausen, “muito menor” do que o registrado com a imunização para outras doenças. Além disso, o especialista chama atenção para o alto índice de eficácia da vacina contra o HPV. “É muito segura, altamente efetiva”, ressaltou, ao defender a vacinação.
Tendo em vista os benefícios da imunização, Hausen disse que o Brasil demorou a iniciar as campanhas de imunização. No país, a vacina é oferecida desde 2014 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Primeiramente, o público-alvo foram meninas de 11 a 13 anos, porém, desde 2015, foi incluída a faixa etária de 9 a 11 anos, e o número de doses da vacina foi reduzido de três para duas.
“É decepcionante que o Brasil só tenha iniciado um programa de vacinação em 2014. O licenciamento das vacinas na maioria dos países aconteceu em 2006. Veja o quão tarde as coisas começaram aqui no Brasil. É uma pena”, disse.
Na opinião do cientista, a imunização deveria ser estendida inclusive aos meninos, uma vez de que o HPV é transmitido sexualmente. “Eu digo muitas vezes, como provocação, que se você só vacinas os meninos, você provavelmente vai prevenir mais casos de câncer do colo do útero do que vacinando somente as meninas." Ele comentou que, na maioria dos países, os indivíduos do sexo masculino tendem a ter mais parceiros e parceiras sexuais do que as mulheres.
Agência Brasil
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