domingo, fevereiro 28, 2016

Ao se defender de denúncias, Lula diz que aceita quebra de sigilos

Ex-presidente participou neste sábado da festa de aniversário do PT.
A militantes do partido, ele também saiu em defesa da presidente Dilma.


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (27), durante a festa de aniversário do PT, que aceita a quebra dos sigilos bancário e telefônico para esclarecer as suspeitas sobre um triplex no litoral de São Paulo e sobre um sítio em Atibaia, também em São Paulo.

O Ministério Público de São Paulo investiga o ex-presidente por suposta ocultação de patrimônio, relativa a um apartamento triplex. Em outra frente, a Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, investiga todos os imóveis do condomínio no Guarujá onde fica o triplex. Alguns apartamentos do Solaris eram da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) e, em 2009, foram assumidos pela OAS. A PF suspeita que a empreiteira usava os imóveis para pagar propinas de contratos fechados com estatais.

Já o sítio em Atibaia teria tido a reforma custeada pelo pecuarista José Carlos Marques Bumlai e as construtoras OAS e Odebrecht, envolvidos nas investigações da operação Lava Jato, segundo o Ministério Publico. A suspeita é de que Lula seja o dono da propriedade e que tenha registrado o imóvel no nome de terceiros. A propriedade de 150 mil metros quadrados foi comprada por R$ 1,5 milhão.

"Eu aceito até que quebrem meu sigilo bancário, telefônico. Se for esse o preço, que seja. Mas, quando isso acabar, quero que me deem um apartamento e uma chácara", afirmou Lula durante seu discurso aos militantes do PT.

"Se eu estiver errado, eu mesmo vou dizer para vocês. Agora, depois que esse processo acabar, eu quero que me deem um atestado de idoneidade, porque duvido que haja alguém mais honesto do que eu. Duvido", desafiou Lula.

Desde o início das investigações, a defesa de Lula nega que ele seja o dono tanto do apartamento quanto do sítio.

Também neste sábado, pesquisa Datafolha divulgada no jornal “Folha de S.Paulo” indica que a maioria dos brasileiros acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi beneficiado por empreiteiras tanto no caso do triplex quanto no caso do sítio em Atibaia e que, em troca, teria prestado favores a essas construtoras.

Ao encerrar o discurso, Lula disse que "lavou a alma" com os colegas de partido ao falar sobre as denúncias e sobre as perspectivas do PT daqui para frente. "Quero dizer que agora é pão, pão, queijo, queijo. Acabou o 'Lulinha Paz e Amor'. Acabou, para dar a resposta que eles merecem", afirmou Lula, sem citar nomes.

Dilma
Em sua fala, Lula também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, que tem sido alvo de críticas de alas do PT que não concordam com a política econômica do seu governo. Aos militantes, o petista ressaltou que o partido deve se unir, apesar das divergências, para superar a crise e o "momento ruim".

"O problema é meu, é seu e da Dilma, e vamos ter que resolver juntos. Quero que ela saiba, onde estiver, que estamos juntos com ela. O partido não tem que apoiar tudo do governo, e o governo não tem que apoiar tudo que o partido quer", disse o ex-presidente.

"Ela precisa de nós para sobreviver aos ataques que vem sofrendo", afirmou Lula, se referindo ao processo de impeachment de Dilma aberto na Câmara dos Deputados e sobre as ações no Tribunal Superior eleitoral, que investigam supostas irregularidades na arrecadação para a campanha presidencial de 2014.

No discurso, Lula voltou a falar sobre se candidatar à Presidência novamente. Principal nome do PT, o ex-presidente estará com 72 anos de idade em 2018. "Se for necessário, se vocês entenderem que a manutenção do projeto corre risco, estarei com 72 anos e tesão de 20, 30", brincou o petista.

Henrique Coelho
Do G1 RJ

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