sexta-feira, janeiro 08, 2016

Surtos de dengue e chicungunha tomam conta de Pesqueira

Infestação dos imóveis de Pesqueira pelo Aedes aegytpti é considerada alta

Pesqueira, no Agreste do Estado, – onde morava a índia xucuru Danielle Marques de Santana, que morreu quarta-feira (6/01) no Hospital da Restauração com suspeita de infecção viral ou bacteriana e até síndrome de Guillain-Barré –, vive desde novembro situação de guerra, como classificam médicos, por causa de surtos já confirmados de dengue e chicungunha. No Hospital Municipal Doutor Lídio Paraíba, cresceu quase cinco vezes mais. Segundo a secretária municipal de Saúde, Elizabeth Souza, até ontem eram 2.143 casos suspeitos de dengue, 1.000 de chicungunha e 118 de zika vírus num território de 65,7 mil habitantes, a 215 quilômetros do Recife.

“Vários fatores favorecerem o cenário. Temos clima quente e estiagem, o Aedes aegypti passou a transmitir novas doenças e por três meses, de agosto a outubro, foi interrompido pelo SUS o repasse de larvicida ao município. Fomos pegos de surpresa, sem preparo para enfrentar uma situação dessa”, argumenta Elizabeth Souza. De acordo com ela, o adoecimento generalizado atingiu inclusive trabalhadores da saúde e alguns médicos romperam contrato com a prefeitura por causa da sobrecarga nos plantões. “Fomos atrás de outros e agora todas as escalas estão completas”, assegura.

Os pesqueirenses se queixam mais de chicungunha, por causa das dores prolongadas nas articulações. “Acredito que trata-se do principal surto”, diz o médico José Severiano Cavalcanti, do Lídio Paraíba. Segundo ele, a unidade está recebendo até 500 doentes por dia, não só da cidade, mas também de Belo Jardim, Sanharó, Alagoinha e até da Paraíba. A doença tem prejudicado uma das principais atividades econômicas do local, a produção de renda renascença. Doentes, rendeiras que trabalham por conta própria estão atrasando as encomendas. Dora Oliveira, 63, uma delas, moradora do bairro do Prado, conta que há 12 dias sofre. “Estou com chicungunha. É um horror, muito pior do que a dengue. Comecei com dores no ombro, depois bateu febre e vômito. Apareceu coceira e incharam pés e mãos. Não consigo mexer os dedos”, contou. Ela adoeceu no mesmo dia em que levou ao hospital uma vizinha, em estado mais grave. Uma amiga está doente há 25 dias, com dificuldades para andar.

A Secretaria Estadual de Saúde reconhece a situação de surto de dengue e chicungunha na localidade, colocando Pesqueira entre os 32 municípios com maior incidência de dengue e também no grupo dos 61 com alta infestação pelo mosquito Aedes aegypti. De janeiro a dezembro, de acordo com o Estado, 739 casos de dengue foram confirmados na cidade. A prefeitura organiza mutirões para intensificar ações nos bairros.

Verônica Almeida/Jornal do Commercio

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