segunda-feira, janeiro 11, 2016

Mulheres descrevem episódios de violência em redação do ENEM e MEC orienta denunciar agressores ao Disque 180

Após a consulta ao Ministério Público, o MEC decidiu não entrar em contato diretamente com as estudantes que descreveram as agressões na redação.

Em 2015, o tema da redação foi a persistência da violência contra as mulheres. O ministro Aloizio Mercadante disse que, em 55 redações, os avaliadores perceberam que alunas descreveram cenas de assédio que elas viveram ou testemunharam.

“Tivemos redações em que as mulheres descreviam cenas de violência em que foram vítimas ou testemunhas. Não sabemos necessariamente se aquele texto é um depoimento, mas tudo indica que sim”, afirmou.

De acordo com Mercadante, o Inep identificou 55 redações “contundentes” de mulheres relatando episódios de violência. Ele disse que, após a consulta ao Ministério Público, o MEC decidiu não entrar em contato diretamente com as estudantes que descreveram as agressões na redação. Segundo o ministro, a opção por reagir dando orientações públicas foi tomada para não colocar a vida das candidatas do Enem em risco.

“Vamos supor que o agressor tem acesso ao e-mail [da mulher que relatou a violência]? Não podemos tomar a iniciativa. O que estamos dizendo é que, assim como estamos tendo sigilo com a redação dela, a informação que ela der pelo 180 [número da Central de Atendimento à Mulher] será preservado com total sigilo. Há casas de proteção. Só tem um jeito de proteger, é ela tomar iniciativa”, disse Mercadante.

A Central de Atendimento da Mulher atende pelo número 180. É um serviço do governo federal que recebe denúncias e relatos de violência contra mulher. Por esse número, as vítimas são orientadas quanto aos seus direitos, a legislação vigente e encaminhadas à órgãos de investigação quando necessário.

Mercadante lembrou ainda que houve uma tentativa de "crítica ideológica" ao tema da redação, mas que a permanência da violência contra a mulher trata-se de "um fato". "O país ainda tem muita violência contra a mulher", disse. "Eu acho que esse debate é muito bom."

G1

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