O presidente da RevoluSolar, Pol Dhuyvetter, que também é dono de uma pousada e de um restaurante, uma das duas primeiras casas a receber os painéis, é belga e está há sete anos no Brasil. Integrante da cooperativa europeia Ecopower há 20 anos, ele se diz surpreso pelo Brasil ainda investir tão pouco em energia solar, mesmo com a radiação tão alta.
“Quando vim para o Brasil, vi tanto sol e tantos recursos naturais e procurei cooperativas de produção de energia renovável e não achei. Na Bélgica, somos mais de 50 mil famílias e [o sistema de cooperativas] funciona. Agora, começamos aqui no Brasil a primeira cooperativa de energia renovável. Na Europa, há uma federação, estou em contato com o presidente e ele está dando conselhos para nós. Um país como o Brasil, como o Rio, com uma taxa de sol das mais altas do mundo, por que tem tão pouco painel solar? Na Bélgica, onde tem tão pouco sol, tem tanto painel solar. Aqui, é bem interessante a economia do painel solar”.
Números
A geração de energia elétrica por células fotovoltaicas não entra nos boletins do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil possui 33 empreendimentos de geração de energia solar em operação, responsáveis por 21.336 kW, o que corresponde a 0,02% do total do país.
De acordo com Dhuyvetter, o objetivo para 2016 é instalar painéis em 1% das residências da Babilônia, que tem pouco mais de mil casas. Por enquanto, além das duas já instaladas, há cinco interessados na fila. Para ele, o investimento pode ser grande no início, mas compensa muito a longo prazo com o retorno do valor pago em no máximo seis anos.
“A primeira coisa que fazemos é ver a conta de luz para dimensionar a instalação. Na nossa moradia que tem um bar, um restaurante e uma pousada, precisamos de 24 painéis. Nosso consumo no último mês foi quase R$ 1 mil. Nós colocamos 12 painéis, que custaram R$ 21 mil, e vão suprir a metade do consumo, mais ou menos 150 kW por mês. A estimativa é que, no máximo em seis anos, temos o retorno do investimento, talvez antes. E depois temos luz de graça por 19 anos, dentro da estimativa de duração de 25 anos de uma instalação solar. Então, a estimativa de lucro é de R$ 129 mil em 25 anos. Pode ser mais se o preço da luz subir”.
O financiamento para a instalação dos painéis veio por meio da Agência Estadual de Fomento (AgeRio), que oferece até R$ 15 mil em microcrédito para os moradores e empreendedores das comunidades com juros de 0,25% por mês. Para o presidente da Associação de Moradores do Morro da Babilônia, André Luiz Abreu de Souza, o problema é que o prazo para quitar o empréstimo é de dois anos, muito curto para as condições do morador da favela.
“Nós vamos correr politicamente para que se aumente esse espaço de tempo para pagar o microcrédito em quatro ou cinco anos, aí ficaria mais fácil para o morador. Mas o importante é mostrar que é um investimento que vai ter um retorno, você não vai só consumir, mas vai passar a produzir. É nisso que nós estamos acreditando, é algo muito novo, principalmente para uma favela, e a Babilônia está sendo a pioneira e nós estamos muito felizes com isso”.
Agência Brasil
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