Para nossa surpresa, aos 103 anos, ela afirmou que come de tudo: buchada, feijoada, xerém e munguzá salgado, prato que adora. Além disso, muito vaidosa, dona Maria do Carmo não abre mão de cuidar dos cabelos e manter em dia manicure e pedicure.
Na manhã de ontem, (25), a reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia fez uma visita à aniversariante mais especial de Petrolândia deste sábado. Dona Maria do Carmo, no dia em que comemora 103 anos, conversou com Assis Ramalho.
Assis Ramalho: Como a senhora se sente hoje chegado aos 103 anos com saúde, com as graças de Deus?
Dona Maria do Carmo: Mais ou menos.
Assis Ramalho: Qual o segredo para chegar aos 103 anos, da maneira que a senhora chegou?
Dona Maria do Carmo: Viver tranquila, trabalhando. O trabalho não acaba ninguém. Me alimentando bem, graças a Deus.
Assis Ramalho: A senhora faz regime, tem uma comida especial, ou come de tudo?
Dona Maria do Carmo: Como de tudo! Feijão, arroz, carne, munguzar, xerém, galinha...galinha de capoeira, trancada no puleiro, por que essa é que a boa.
Assis Ramalho: A senhora foi parteira durante muitos anos. Por que a senhora decidiu ser parteira?
Dona Maria do Carmo: Consegui por uma coincidência. Foi uma necessidade muito grande (de alguém para fazer um parto) e aí eu peguei (ajudou no parto). Peguei, cortei o umbigo, e a partir daí, não parei mais.
Assis Ramalho: Dona Maria do Carmo, qual o conselho que a senhora dá para a juventude, para que chegue pelo menos perto da sua idade?
Dona Maria do Carmo: Viver bem é uma coisa que ajuda. Viver bem, tranquila, sem fazer o mal a ninguém, sem fofoca. Comer bem, carne boa, frutas boas, tiradas da natureza.
Assis Ramalho; Dona Maria do Carmo, conte um pouco da sua vida
Dona Maria do Carmo; Eu nasci na Fazenda Nunes (
zona rural do município de Tacaratu), e depois fui para a Petrolândia (
1956), que na época era chamada de Jatobá.
Eu era uma das pessoas principais da cidade, todo mundo me adorava todo mundo me chamava, e quando eu comecei a fazer parto, aí foi que foi. Andei muito. Quantos eu já peguei, quantos eu ajudei, e que Deus já levou, e eu estou aqui. Não andava de carro, era num burrinho. Naquele tempo todo mundo tinha um burrinho, tinha um cavalo.
Assis Ramalho: Hoje, tem muita mordomia. Quase todo mundo tem um carro, uma moto, mas naquele tempo não tinha nada disso, Não é, dona Maria do Carmo?
Dona Maria do Carmo: Hoje é carro, e moto, é não sei o que, tudo coisas que levam a morte. O primeiro carro que eu vi foi um Jeep, e eu me assustei quando vi. Eu pensei ''que bicho é esse?'' (risos)
Assis Ramalho: A senhora lembra do trem, chegou a andar no trem da velha cidade? o que é que a senhora ainda lembra?
Dona Maria do Carmo: Eu andei muito de trem, lembro como se fosse hoje. Quando ele apitava, a gente ouvia aquele apito longe, e aí todo mundo ficava alegre e dizia "o trem já vem! lá vem o trem!", lembro como hoje.
Assis Ramalho; Naquela época os comerciantes transportavam suas mercadorias no trem. O que é que a senhora lembra sobre isso
Dona Maria do Carmo; Há! eu me lembro que o trem vinha carregado de muitos cestos, muitas frutas, era umbu, laranja, cana, mamão, era muito bonito. Ainda hoje eu lembro do apito do trem.
Assis Ramalho: A senhora ficou triste quando o trem acabou, deixou de funcionar
Dona Maria do Carmo; Foi muito triste, por que naquele tempo não tinha bicicleta, não tinha carro, só tinha o trem e acabou. Foi muito triste. Aí, só ficou os cavalos.
Assis Ramalho; Naquele tempo todos tinham um cavalo, um jegue, mas hoje ninguém quer andar em animal, não é Dona Maria do Carmo?
Dona Maria do Carmo; Quer nada! Naquele tempo a feira era cheia de cavalos, tinha os lugares onde os donos guardavam. Naquele tempo não tinha acidente (
dona Maria do Carmo se refere ao grande número de acidentes causados por carros e motos nos tempos de hoje).
Assis Ramalho; Ao que parece, a senhora ainda é muito vaidosa. Não abre mão de arrumar os cabelos, se arrumar, se perfumar...
Dona Maria do Carmo; Sim, por que gosto da vida, e quero viver nesta vaidade (risos).
Assis Ramalho; Dona Maria do Carmo, eu tenho infomações de que a senhora é boa de boca. Come muito, e de tudo, é verdade?
Dona Maria do Carmo; (risos) Como de tudo, como de tudo.
Assis Ramalho: A senhora gosta de mungunzá?
Dona Maria do Carmo: Mungunzá? Vixe! Mungunzá eu como é um pratão cheio se derramando (risos).
Assis Ramalho: E de xerém com galinha, gosta?
Dona Maria do Socorro: Vixe! Eu gosto muito. Quando não tem, eu boto pra comprar (risos).
Assis Ramalho; Ao que parece, resta a gente saber do que a senhora não gosta, por que a senhora come de tudo. Arroz, feijão, mungunzá, feijoada, xerém.
Dona Maria do Socorro; Também gosto de farofa. E viva a vida! (risos)
Assis Ramalho: Dona Maria do Carmo, muito obrigado, e se Deus quiser, daqui a um ano, eu estarei aqui de novo para comemorar os seus 104 anos, tá bom?
Dona Maria do Carmo: Se Deus quiser!
A entrevista irá ao ar na manhã desta segunda-feira (27) no programa ''Acordando com as Notícias'', transmitido pela
Web Rádio Petrolândia, com Assis Ramalho.
Redação do Blog de Assis Ramalho