Vitória do peemedebista é dura derrota para a presidente Dilma, que mobilizou ministros para angariar votos para Chinaglia mas viu desafeto vencer a mais acirrada eleição na Câmara desde 2005, ocasião em que o pernambucano Severino Cavalcanti (PP) derrotou o PT. Além de não ter conseguido emplacar Chinaglia, o partido da presidente terminou a eleição sem nenhum cargo na Mesa Diretora da Casa.
Eram 18h47 da tarde deste domingo quando o deputado Eduardo Cunha (RJ), um rebelde na governista bancada do PMDB, encerrou seu discurso na tribuna da Câmara dos Deputados sob o coro de “presidente” e forte aplauso. “Temos que nos dar o respeito para ser respeitados”, discursou o peemedebista. No fundo do plenário, um grupo de deputados da oposição comentava animadamente: “Vai ser pior do que o governo pensava”. E foi. Com 267 votos – dez a mais do que o mínimo necessário –, Cunha foi eleito presidente da Câmara, o segundo cargo na sucessão da presidente Dilma Rousseff, atrás apenas do vice-presidente da República.
O resultado surpreendeu o Palácio do Planalto, cuja contabilidade indicava que a disputa terminaria em segundo turno, quando seu candidato, Arlindo Chinaglia (PT-SP), poderia virar o jogo. O petista teve o apoio de 136 deputados, Júlio Delgado (PSB-MG) que recebeu 100 votos, e Chico Alencar, do Psol, teve 8 votos. Houve 2 votos em branco.
O resultado da eleição é sintomático para o PT. Além de não ter conseguido emplacar Chinaglia, o principal partido de sustentação do governo Dilma terminou a eleição sem nenhum cargo na Mesa Diretora da Casa. Na tentativa de angariar votos em favor de Chinaglia, os petistas abriram mão de lançar candidatos para os postos administrativos da Câmara. A sigla teria direito a indicar nomes para a 2ª vice-presidência, que cuida, por exemplo, do ressarcimento de despesas médicas de parlamentares, e a para 2ª secretaria, responsável pelos passaportes diplomáticos dos deputados.