Picciani é aliado da presidenta Dilma Rousseff e foi substituído por Leonardo Quintão (MG).
Constrangimento
“Não vejo que isso seja para proteção de A ou B, é um filtro. A disputa está entre dois líderes. Se um tem condição de trazer [aliados de outros partidos], outro também tem. O que tem que acabar é essa história de lista, isso tem causado um constrangimento muito grande para os parlamentares que tem que ficar entre uma lista e outra. Quando há duas listas em jogo, isso divide a bancada, acabam tomando partido os senadores e os governadores”, afirmou Raupp.
O senador também minimizou a aprovação da resolução. “O vereador com mandato para entrar no partido precisa passar pelo Diretório municipal, um deputado estadual precisa do consenso da bancada do partido nos estados e também a da Executiva estadual, então foi puxada para a Executiva Nacional essa prática”, explicou. Segundo Raupp, nos casos de deputado federal e senador, a Executiva terá prazo de dez dias para apreciar e aprovar o nome do interessado em ingressar no partido.
Cunha
A ideia da resolução foi articulada pelo presidente do PMDB, Michel Temer, e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), em reunião na segunda-feira (14), ambos não compareceram ao encontro.
Perguntado sobre a força que o presidente da Câmara ainda tem no partido, Raupp desconversou. “O partido precisa desse tempo para compreender todos esses episódios, inteligência para buscar caminhos e coragem para seguir em frente. Acho que o PMDB tem feito isso ao longo de sua história. O PMDB não vai se abalar de maneira nenhuma. Se alguns membros do PMDB estão com problemas, o PMDB é muito grande e vai sobreviver a todas essas intempéries, todas essas turbulências”, disse.
Reação
O ex-líder da legenda na Câmara Leornado Picciani, que foi vencido na votação, reagiu à medida e afirmou que vai questioná-la judicialmente, com apoio de alguns diretórios estaduais. “A rigor ela [ a resolução] não poderia ser feita, porque qualquer mudança no estatuto só pode ser feita na convenção [do partido]. A Executiva não tem autoridade e nem poder estatutário para modificar o estatuto do partido, portanto, criou-se esse mecanismo para dar um contorno de legalidade, mas que certamente não configura legalidade”.
Picciani criticou a influência de Eduardo Cunha no partido. “É lamentável que o PMDB, que sempre teve na sua condução a marca do diálogo, tenha permitido que a truculência e os desmandos que hoje marcam a direção da Câmara dos Deputados tenham vindo para dentro do partido”, disse. O parlamentar também ressaltou que vai trabalhar para a realização de uma nova eleição para líder em fevereiro, quando começa a nova legislatura.
Agência Brasil
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