Dinheiro estava em escritório da Loja Grillo's, na Zona Sul do Recife. Foram apreendidos documentos no Recife, Brejão e Petrolina (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Um total de R$ 170 mil foi apreendido pela Polícia Federal, nesta terça-feira (15), na loja Grillo's, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, durante o cumprimento de mandados de buscas daOperação Lava Jato. A PF informou, às 16h40, que as buscas foram encerradas e que foram aprendidos também documentos no Recife, em Brejão, no Agreste, e em Petrolina, no Sertão -- nesta última também foram retidos discos rígidos (HDs) de computadores. O material será encaminhado para o Recife e depois, para Brasília.
Os três mandados de busca e apreensão cumpridos em Pernambuco -- um quarto foi cancelado de última hora -- fazem parte da operação Catilinárias, que teve 53 expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, referentes a sete processos instaurados a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato.
Em Petrolina, o endereço informado pela Polícia Federal é o do escritório político do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), no Centro da cidade. No Recife, a investida aconteceu apenas em um escritório localizado dentro da loja Grillo's. Já em Brejão, a ação da PF ocorreu na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, localizada na Fazenda Esperança. O ex-presidente da Copergás, Aldo Guedes, nome ligado ao ex-governador Eduardo Campos (PSB), aparece como sócio das duas empresas investigadas na Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe).
Em julho, a PF já havia cumprido mandados de busca e apreensão contra Fernando Bezerra Coelho e Aldo Guedes como parte da Operação Politéia, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Na ocasião, os federais estiveram na casa do senador, no bairro de Boa Viagem. Já o então presidente da Copergás pediu afastamento para se defender das acusações à época.
A assessoria do senador Fernando Bezerra Coelho divulgou nota na qual diz reiterar a "confiança no trabalho das autoridades". O texto também afirma que o senador continua à disposição para "colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas". O G1 ainda não conseguiu contato com Aldo Guedes.
A polícia ainda cumpriu mandado de busca e apreensão em endereços relacionados aos deputados federais Aníbal Gomes (PMDB-CE), e Áureo (SD-RJ); e dos ministros, Celso Pansera (PMDB-RJ), de Ciência e Tecnologia, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo. O prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado Nelson Bornier (PMDB), aliado de Cunha, também é alvo da ação.
Outro mandado foi cumprido na sede do PMDB em Alagoas, relacionado ao inquérito do senador Fernando Collor (PTB-AL).
Pansera foi nomeado ministro na última reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff. Antes de ser deslocado para a pasta, o peemedebista cumpria mandato de deputado federal e era um dos principais aliados de Eduardo Cunha na Câmara.
Durante as investigações da Lava Jato, Pansera chegou a ser acusado pelo doleiro Alberto Yousseff de ser "pau mandado" do presidente da Câmara.
O ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara, também integra a ala mais próxima de Cunha no PMDB.
A assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia se limitou a dizer que não vai comentar o assunto e que ainda não fizeram contato com o ministro.
O G1 entrou em contato com o Ministério do Turismo, mas, até a última atualização desta reportagem, a pasta não havia se manifestado sobre as buscas na residência deo ministro Henrique Alves.
Procurada, a assessoria de imprensa do senador Edison Lobão pediu que a reportagem procurasse a defesa do peemedebista. O G1 ainda não havia conseguido localizar o advogado de Lobão até a última atualização desta reportagem.
A operação
De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos 53 mandados de busca e apreensão, referentes a sete processos da Lava Jato. O principal objetivo da PF é evitar que investigados destruam provas e apreender bens que, segundo as investigações, podem ter sido adquiridos pela prática criminosa.
A PF também informou que, além das residências de investigados, são realizadas em sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos.
Os mandados foram cumpridos no Distrito Federal (9), em São Paulo (15), Rio de Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e Rio Grande do Norte (1).
Veja abaixo o nome de quem foi alvo da operação desta terça:
Aldo Guedes, que, segundo as investigações, seria ligado ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, falecido em 2014
Alexandre Santos (PMDB-RJ), ex-deputado federal
Altair Alves dos Santos, que, segundo o lobista Fernando Baiano, recebeu RS 1,5 milhão para repassar a Cunha
Aníbal Gomes (PMDB-CE), deputado federal
Áureo Lídio (SD-RJ), deputado federal
Celso Pansera (PMDB-RJ), ministro de Ciência e Tecnologia
Denise Santos, chefe de gabinete do presidente da Câmara
Djalma Rodrigues de Souza
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Eduardo da Fonte (PP-PE), deputado federal
Edison Lobão (PMDB-MA), senador e ex-ministro de Minas e Energia
Fábio Ferreira Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, indicado por Eduardo Cunha para o cargo
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), senador
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo
Lúcio Funaro, doleiro que teria ligações com Eduardo Cunha
Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro indicado pelo PMDB para o cargo
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