Microcefalia era uma palavra desconhecida da maioria das gestantes e das mulheres interessadas em engravidar há poucos meses. O aumento no número de casos, ainda sem causa definida, levou a uma explosão desenfreada de buscas por informação sobre a rara condição neurológica, em ambulatórios públicos e consultórios particulares.
Os especialistas recomendam cautela, mas Pernambuco, com 141 casos notificados e 89 confirmados, lidera o ranking de buscas na internet sobre a anomalia congênita. Hoje, o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) irão atualizar o boletim de casos no estado e definir detalhes do protocolo para gestantes.
A servidora pública Maria Beatriz Ribeiro, 32 anos, foi uma das mulheres que não hesitou em procurar a obstetra ao passo das notícias sobre o crescimento dos casos. Uma possível associação com zika vírus era um das maiores receios dela, aos quase nove meses de gestação. “Moro em um município do Sertão, onde há muitos focos do mosquito Aedes Aegypti. Nunca tive nenhum sintoma, mesmo assim fiquei bastante preocupada”, conta ela, tranquilizada pela médica.
Mesmo distribuindo panfletos às pacientes e disseminando informações nas redes sociais, a ginecologista e obstetra Jeanine Trindade, permanece recebendo ligações de mulheres preocupadas. No Facebook, uma das postagens dela sobre o tema teve mais de 2,4 mil compartilhamentos. As dúvidas vão desde as mais comuns até questionamentos se a poluição do ar pode ter relação com a microcefalia.
“A demanda espontânea está grande, o ideal seria haver um canal como uma ouvidoria, para esclarecimento. No Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), só hoje (ontem) recebi três mulheres sem marcação”, afirmou Jeanine. No Google, somente no mês passado, a quantidade de buscas saltou 125% em relação o mesmo período do ano anterior, apontou levantamento da consultoria Le fil. A principal dúvida é “o que é a doença”, seguido do interesse por fotos.
O coordenador da obstetrícia do Hospital Santa Joana e professor da UFPE, Edilberto Rocha, estima que houve um crescimento de 30% desde o começo deste mês na demanda de gestantes e interessadas em engravidar. Uma das principais dúvidas é sobre como evitar. “Os dados merecem atenção, mas é preciso ter calma. O importante é fazer o acompanhamento pré-natal rigoroso, pois a microcefalia é detectável durante a gravidez”, lembra.
A doméstica Drielly Nascimento, 20 anos, grávida de 8 meses, já tem uma ultrassonografia agendada. Mesmo assim, vai solicitar outra à médica. “Quero ter certeza de que está tudo bem”, explica.
Hoje, às 10h, uma reunião dos representantes dos serviços de ginecologia e a SES deve definir o protocolo para gestantes. “É uma orientação para os médicos sobre o atendimento, o proceder médico, como aconteceu para as crianças”, explicou a orientadora do ambulatório de infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Regina Coeli.
Diário de Pernambuco
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