Por Doriel Barros, presidente da Fetape
Depois de vários anos de crescimento da Esquerda na América Latina, essa região passa por um enorme retrocesso. O estranho é que isso acontece num momento em que o capitalismo vive uma grande crise mundial. As políticas adotadas pelos líderes de esquerda, em seus países, desafiaram os agentes e multiplicadores do capitalismo, uma vez que os mais pobres passaram a ganhar mais, reduzindo as desigualdades sociais, algo extremante adverso à política promovida pela Direita, até poucos anos atrás. Isso gerou uma revolta na elite conservadora, que resolveu retomar o poder pela força.
As estruturas desses países não foram (ou estavam) preparadas para esse grande conflito atual: de um lado, o capital, com as suas mais perversas formas de atrair os cidadãos e as cidadãs; e do outro, um modelo de desenvolvimento pautado na igualdade, que luta para gerar oportunidades para todas as pessoas. Esses dois Projetos estão em choque, ocasionando sérias fraturas naquele que está em processo de consolidação: o de Esquerda.
Os conservadores sempre governaram os países da América Latina e, durante muitos anos, criaram profundas desigualdades, e geraram a dependência de seus povos aos grandes empresários.
Hoje, apesar de ter ocorrido uma diminuição nas desigualdades sociais nesses países, infelizmente, as estruturas de poder, a exemplo do Judiciário e do Parlamento, tornaram-se ainda mais conservadoras e elitistas, fortalecendo a ação de uma Direita raivosa e intolerante com aquelas que pensam diferente, pois não admite que os que têm menos sejam prioridade para o Estado.
A investida dos conservadores é visível. Um exemplo disso é que, no passado, no Brasil, as eleições com o uso de cédulas eram sinônimo de eleições roubadas pelos poderosos que, com dinheiro e poder, alteravam o resultado do pleito. Hoje, assistimos ao PSDB como grande defensor do voto com essas mesmas cédulas, argumentando que isso é mais seguro. Porém, na verdade, o que se quer é voltar ao passado, para que os resultados das urnas voltem a ser manipulados.
Em Honduras, assistimos um golpe referendado pelo capital; na Venezuela, há um golpe em curso, e temos acompanhado o terrorismo social da Direita; e na Argentina, constatamos a vitória de um bilionário, de ideias conservadoras. Esse cenário mostra que a ausência de lideranças políticas de abrangência regional tem provocado graves retrocessos, permitindo que esse movimento ganhe corpo, o que exige uma reação das massas sociais.
Temos acompanhado as diversas tentativas de calar ou retirar da disputa de 2018 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um líder capaz de rearticular a América, pois reúne todas as condições de manter a esperança e os sonhos dos povos desses países.
A grandeza de um país não se mede pela quantidade de recursos financeiros que ele tem, mas pela capacidade de gerar dignidade e oportunidade para toda a sua população, especialmente os mais pobres. Por isso, não vamos desistir da luta. Várias batalhas vêm sendo perdidas, mas a América Latina é mais forte, e o seu povo tem um potencial indiscutível e pode evitar novos retrocessos, impedindo o avanço dessa onda que busca enganar mentes e corações.
Assessoria de Comunicação FETAPE
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