quarta-feira, outubro 21, 2015

Superintendente da PF-AL detalha esquema de fraude em concursos que custava até 10 vezes o salário inicial

Criminosos usavam cartão de crédito falso para esconder celular; pontos eletrônicos e celulares também foram apreendidos durante operação (Foto: Divulgação/Ascom PF)

O superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo Torres, detalhou em entrevista exclusiva à TV Gazeta como agiam ossuspeitos de fraudar concursos públicos presos na Operação Afronta, realizada na manhã desta quarta-feira (21) em Alagoas, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Rondônia (assista no vídeo acima).

De acordo com o delegado, os candidatos que prestavam o concurso pagavam uma quantia que era 10 vezes o valor do salário inicial do cargo pretendido para que os criminosos conseguissem as respostas das questões para eles, algo em torno de R$ 70 a R$ 90 mil por cada candidato. O esquema já funcionava há 4 anos.

"Eles trabalhavam na própria residência, recrutavam candidatos interessados em fraudar os concursos públicos e cada candidato pagava pelo menos 10 vezes o salário inicial para eles", explica o susperintendente da PF no estado.

Em Alagoas, estado onde residiam os principais líderes do grupo criminoso, segundo a PF, foram cumpridos mandados nas cidades de Palmeira dos Índios e Maceió, onde cinco pessoas foram presas, entre elas um policial civil. Outras cinco foram presas nos outros estados.

As investigações apontam que a fraude foi detectada em uma prova do concurso público do Tribunal Regional Federal, aplicada em Sorocaba, no interior paulista, em 2014. Nenhum suspeito teve a identidade divulgada.

Como funcionava o esquema

De acordo com a PF, os criminosos fotografam o caderno de questões com microcâmeras durante a prova. Eles ficavam o tempo obrigatório de permanência na sala de aula em que o concurso estava sendo realizado e, quando saíam, repassavam as respostas aos candidatos por meio de ponto eletrônico, dispositivo intra-auricular de comunicação, que se conecta ao celular do candidato.

Foram apreendidos diversos celulares, pontos eletrônicos e ainda cartão de crédito falso para esconder celular. Segundo a PF, eles colocavam o cartão no bolso da camisa para parecer ser um conjunto de cartões, só que dentro está o celular escondido.

A fraude foi detectada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região de Sorocaba, que detectou irregularidades no último concurso público para os cargos de analista judiciário e técnico judiciário e encaminhou os documento para a Polícia Federal para instauração do inquérito.

Ainda segundo a PF, os líderes da organização criminosa monitoravam a publicação de editais de concursos públicos, em seguida, quando o edital era publicado, os candidatos em ingressar na carreira através da fraude e integrantes da quadrilha, chamados "pilotos", se inscreviam.

Durante as investigações, a Polícia Federal utilizou o Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames (SPADE), um software desenvolvido pelo órgão para apurar as fraudes nas provas. O sistema é alimentado com gabaritos dos candidatos que fizeram a prova e varre as respostas em busca de coincidências, apontando os candidatos que apresentarem maior número de respostas semelhantes.

O software também indica se as coincidências eram esperadas ou não. Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa e fraude em certames de interesse público, podendo levar de 4 a 12 anos de reclusão.

Do G1 AL, com informações da TV Gazeta

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