sábado, outubro 03, 2015

Mancha no rio São Francisco não desapareceu, apenas se deslocou para paredões

Monitoramento aponta que mancha ainda não desapareceu (Foto: MPAL)

O aparecimento de uma mancha escura no Reservatório de Xingó em abril deste ano, resultou na execução de campanhas de monitoramento da água da região, conforme o plano de contingência da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). No primeiro momento, a mancha apresentou a extensão de 35km e, através da simulação de picos de cheia realizadas pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, foi possível diluir a mancha causada pela concentração de microalgas fitoplanctônicas (Dinoflagelado Ceratium sp) no Rio São Francisco. A concentração de microalgas é denominado de “bloom” de algas.

“Após a discussão entre diversos órgãos públicos, foi solicitado à CHESF que aplicasse um aumento de carga líquida dentro do reservatório para gerar picos de cheia. Com isso se criou uma vazão instantânea acima do limite normal e imediatamente abaixo desse limite, com ondas de choque capazes de diluir a concentração principal da mancha”, explica Cláudio Júlio Machado, Gerente de Meio Ambiente. Em consequência dos picos de cheia, a mancha recuou em faixas de diluição até que se movimentou para zonas de amortecimento, ou seja, próximo aos paredões, região sem fluxo, movimento ou corrente de ar.

Cláudio Júlio explica também que foi estabelecido um perímetro de segurança, além dos 35km de inspeção visual da mancha. Este perímetro se estende desde a captação da Deso de Canindé até a captação da Companhia de Saneamento de Alagoas – CASAL, em Delmiro Gouveia, correspondendo a 2km a cima da entrada, em direção a Paulo Afonso.

“Diante das observações até a presente data não temos visualizado a presença da mancha, ela já ocorreu, mas ela não desapareceu. O que aconteceu com ela foi uma hibernação, no período chuvoso, que é o que está acontecendo, ela aumenta de peso e sedimenta, com a volta do calor e das altas temperaturas ela desperta e acontece um outro bloom. Isso nós estamos pressupondo e acompanhando para quando chegar o verão”. Ele afirma que o bloom de algas é um problema comum em bacias hidrográficas, principalmente na presença de reservatórios, e pode acontecer por diferentes causas, desde atividades econômicas realizadas na região à entrada de nutrientes que desestabilizam a composição do local.

Existem estágios e alertas para essas alterações, o monitoramento e o plano de contingência de ações é essencial para a Deso se prevenir de problemas maiores e saber como agir na presença deles. A presença das microalgas pode causar alguns problemas no tratamento de água, como entupir filtros, fazendo com que muita água seja desperdiçada durante o processo. Ainda geram odor e sabor à água, além disso, a Ceratium é favorável para a proliferação de cianobactérias.

“Hoje a Deso monitora a Microcystis, a Cylindrospermopsis, muito comum no nordeste e a presença da Saxitoxinas, toxina proveniente do desencadeamento de um grupo de cianobactérias. Caso dê um número além de 20.000 células passamos a fazer semanalmente”, afirma Nilton Oliveira, colaborador da Gerência de Controle e Vigilância da Qualidade.

A Deso realiza incursões de monitoramento ao rio São Francisco a cada 45 dias, a próxima está programado para 01 de outubro. O monitoramento da região é importante também porque visualmente não é possível saber o local em que a mancha está, se com a vinda do calor ela voltar, o monitoramento permite que a curto prazo medidas, ou soluções, sejam tomadas com rapidez.

Fonte: Deso em Infonet

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