quarta-feira, outubro 14, 2015

Comissão de Agricultura da Alepe promove audiência pública sobre a crise hídrica no Vale do São Francisco

Grupo parlamentar promoveu debate com produtores, em Lagoa Grande. (Foto: Rinaldo Marques)

A crise hídrica que atinge a fruticultura irrigada do Vale do São Francisco foi tema de audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura da Assembleia, na última sexta (9), no município de Lagoa Grande. A região tem enfrentado problemas com a estiagem, que afeta principalmente os pequenos e médios produtores. Atualmente, o nível da Barragem de Sobradinho, que regula a vazão do Rio São Francisco, está em 7%.

Autoridades e produtores locais apresentaram demandas como melhorias e construção de estradas para escoamento da produção; instalação de energia elétrica nos assentamentos de reforma agrária; incentivos fiscais; construção de adutoras e recuperação de barragens.

O vereador de Lagoa Grande, Olavo Marques, falou sobre a importância dos kits de irrigação, implantados desde o ano passado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em comunidades rurais. “É preciso ampliar o benefício para que o maior número de produtores tenha acesso à água”, afirmou.

O representante dos movimentos de emancipação do distrito de Izacolândia (zona rural de Petrolina), Júlio César Monteiro, apresentou alternativas à irrigação. Para ele, técnicas consideradas “arcaicas”, como a construção de poços artesianos e cacimbões, poderiam ser a solução para pequenos produtores. “Aqui temos diversos órgãos que podem fazer esse trabalho para a sociedade civil. Se não vamos conseguir a irrigação para todos, vamos pelo menos analisar alternativas.”

Florisvaldo Araújo, que representou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ressaltou a necessidade de desenvolver novas formas de produção que diminuam os impactos no meio ambiente, como a agricultura orgânica. Ele destacou ainda que é preciso pensar em políticas de prevenção para os períodos de estiagem. “Vivemos da fruticultura irrigada, o que demanda elevado consumo de água. O Brasil precisa ter projetos de estocagem deste importante recurso natural para não chegar a essa situação.”

O presidente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Gabriel Maciel, disse que irá apresentar as demandas ao secretário estadual de Agricultura, Nilton Mota. Ele ressaltou que a entidade tem dado atenção especial à região, principalmente à cultura da uva. “Estamos trabalhando com incentivo fiscal, assistência técnica e a interiorização do desenvolvimento, pois se trata de uma cadeia produtiva estratégica para o Estado”, afirmou.

Presidente da Comissão de Agricultura, Miguel Coelho (PSB) comentou que deverá encaminhar as reivindicações apresentadas aos órgãos responsáveis. Para ele, “é inaceitável que localidades a menos de 20 quilômetros da margem do Rio São Francisco não tenham acesso à água em suas residências”. O deputado ainda recomendou que os produtores busquem parcerias com o Sebrae e o Banco do Nordeste para o desenvolvimento de projetos e o acesso ao crédito. Ambas as entidades estavam representadas na reunião.

Também participaram do encontro o senador Fernando Bezerra Coelho; o deputado federal Fernando Coelho Filho; o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões; o prefeito de Lagoa Grande, Dhone Amorim; os secretários municipais de Agricultura e Planejamento, Ivando Gomes e Robson Amorim, e vereadores dos municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina.

EMPREENDEDORISMO - A Comissão realizou ainda uma visita técnica à Vitivinícola Santa Maria, em Lagoa Grande. A fazenda ocupa uma área de mil hectares e é a maior do Estado de Pernambuco. Produz anualmente 1,5 milhão de garrafas de vinho para os mercados interno e externo, e gera 500 empregos diretos e indiretos na região.

Alepe

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