segunda-feira, setembro 14, 2015

Zona da Mata: uma longa espera por políticas públicas - Artigo de Doriel Barros


Por Doriel Barros - Presidente da Fetape

Há muito tempo, o Movimento Sindical Rural vem cobrando e denunciando o descaso dos Governos com a população da Zona da Mata. Estamos falando de uma região que reúne 15% da população de Pernambuco e que concentra as melhores terras do estado. Mesmo assim, os seus indicadores sociais são extremamente graves, a exemplo do analfabetismo, que atinge quase 20% de seus habitantes.

Essa região vivenciou um modelo de monocultura, que provocou um empobrecimento de sua gente e que fez com que a falta de infraestrutura impossibilitasse um processo de transição frente ao declínio e fechamento de várias usinas, nos últimos anos, seja para serem transferidas para outros estados, seja pela incompetência dos seus gestores, que viviam do financiamento público e que geravam trabalho degradante e salários injustos.

Diante dessa realidade, várias lutas foram promovidas pelo Movimento Sindical Rural, que sempre cobrou melhores condições de trabalho para os assalariados rurais, como também defende uma reforma agrária nas terras das usinas fechadas, ou que não estão cumprindo a sua função social. Nessa caminhada, muitas foram as vitórias para a classe trabalhadora, que obteve, ao longo dos anos, conquista de direitos trabalhistas, e algumas desapropriações de terras.

Neste ano de 2015, a Fetape realiza a 36ª Campanha Salarial dos Canavieiros e Canavieiras, com envolvimento de todos os Sindicatos e, pela primeira vez, conta com a participação da FETAEPE (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Pernambuco), que é fruto de um caminho construído pelos(as) assalariados(as), para fortalecer ainda mais a luta dessa categoria, que tem uma representação bastante expressiva em nosso estado.

Os Movimentos Sociais e Sindical também apresentaram aos Governos Federal e Estadual, desde 2013, um conjunto de diretrizes para a reestruturação socioprodutiva da Zona da Mata, considerando a atual realidade da região, que além dos assalariados, hoje concentra um grande número de assentamentos de agricultores familiares, que possui uma enorme capacidade de geração de trabalho e renda, e ainda contribui diretamente com a segurança alimentar do nosso estado.

Infelizmente, as ações do Governo Federal têm sido insuficientes diante das demandas necessárias, e o Governo do Estado, ate hoje, não fez nenhum movimento em relação às propostas apresentadas, demostrando sua falta de compromisso com essa pauta, que precisa ser debatida e encaminhada.

Mas, como nenhum desenvolvimento para o campo de Pernambuco veio de “mão beijada”, vamos continuar lutando, pautando os Governos e Parlamentos, indo às ruas, mostrando à sociedade que desenvolvimento se constrói com gente feliz. E, com certeza, enquanto houver trabalhador oprimido, agricultor sem terra, o Movimento Sindical Rural estará unido para reverter essa situação.

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