domingo, setembro 20, 2015

Projeto identifica Escolas Transformadoras no Brasil

Reprodução Facebook Ashoka Brasil
Empreendedora social indiana Kiran Bir Sethi

Dez escolas brasileiras foram consideradas transformadoras pelo projeto “Escolas Transformadoras”, iniciativa da organização mundial Ashoka e do Instituto Alana, por proporcionarem o desenvolvimento de novas competências como a empatia, a criatividade, o trabalho em equipe e o protagonismo social aos alunos.

“O conjunto dessas aptidões dá ao indivíduo as ferramentas necessárias para se tornar transformador, capaz de empreender e liderar ações que criem um futuro melhor para todos nós”, disseram os organizadores.

A Escola Comunitária Luiza Mahin, de Salvador (BA), que nasceu da iniciativa da Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, valoriza a cultura afro-brasileira e foi uma das selecionadas.

A coordenadora Sonia Dias explicou que ali se trabalha “a questão da ancestralidade. O desafio é deixar a chama acesa em cada criança, em cada pessoa que compõe a equipe”.

“Conseguimos desenvolver em cada criança o sentimento de pertencimento ao território, garantir a eles o desejo de não querer habitar outro local e, assim, transformar o local em que ele está naquele local que foi construído pelo avós”, acrescentou.

“Não existe local transformado se as pessoas não estiverem transformadas”, disse Sonia.

Outro exemplo transformador é o Colégio Viver, localizado em uma grande área verde, afastada da cidade, no município de Cotia (SP). Ali, são realizadas assembleias para discutir os problemas da escola e as crianças fazem as regras a partir de discussões.

Em uma das ocasiões, ficou decidido que as crianças, quando quebrassem alguma coisa do uso comum, teriam de providenciar o conserto. “E a ideia não é pagar o objeto. Queremos mostrar responsabilidade”, afirmou a coordenadora Anna Maria Freire.

A Ashoka e o Instituto Alana trouxeram para o Brasil uma experiência de Escola Transformadora da Índia: a Riverside. A empreendedora social indiana Kiran Bir Sethi criou a escola em 2001 a partir do que vivenciou com seu filho, na época com 6 anos de idade. Após uma atividade frustrada na escola em que estudava, o menino voltou para casa dizendo “eu não consigo, eu não posso”.

“Falamos para as nossas crianças “você não tem escolha a não ser escutar, escutar o que temos a dizer para você. E aí nos perguntamos: por que nossos filhos não se tornam transformadores?”, disse Kiran.

Naquele dia, ela tirou o filho da escola e pensou o que faria. “Eu não tinha nenhum problema com a escola, eu tinha um problema com o sistema, que faz as nossas crianças falarem “não consigo, não posso”, ressaltou.

“Em 2001, testamos e iniciamos a escola Riverside com um foco: desenhar a natureza humana, que vai fazer com que toda criança diga “sim, eu posso ser um realizador de mudanças, um transformador, um protagonista social”, disse Kiran.

A coordenadora do Instituto Alana, Ana Cláudia Leite, afirmou que o projeto traz luz para experiências que ocorrem ao redor do mundo e que já estão caminhando neste processo de olhar o potencial da criança.

“Essas escolas transgridem, mostram que podem ser um espaço de convivência, de fortalecimento das competências transformadoras e espaço que gera ações e fortalece a utopia”, finalizou.

Agência Brasil

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