Toft informou que a entidade funciona há 20 anos, com apoio do Ministério da Saúde da Dinamarca. O atendimento por meio do bate-papo eletrônico está estruturado há apenas um ano, mas os resultados são bastante relevantes, disse ele. Segundo Toft, o trabalho com esse tipo de comunicação atrai a população mais jovem, enquanto a linha de atendimento de crises por telefone é mais procurada por pessoas entre 40 e 50 anos.
O diretor do Livslinien Institute, que também é coordenador da região Europa do Befrienders Worldwide [organização global que tem como afiliadas entidades que trabalham com prevenção ao suicídio], ressaltou que, durante os contatos, os jovens mostram intencionalidade e planejamento suicida muito altos.
O presidente do CVV, Robert Gellert Paris Junior, destacou que o fato da pessoa conseguir expressar o que está sentindo é bom e que isso se transforma em uma chance a está fazendo o atendimento de conversar com ela. “Para que se alivie um pouco e se veja uma saída para o desespero dela. Para que a pessoa tenha outra perspectiva de vida ou uma perspectiva de vida um pouquinho diferente, que faça com que ela adie a intenção suicida, para que volte a falar conosco. E assim se salva uma vida.”
Robert Paris disse que não há uma causa específica sobre o que mais influencia os jovens, em uma situação difícil, a buscar o suicídio, mas ressaltou que estudos estão sendo feitos. Ele acrescentou que, na Coreia, a pressão sobre os jovens para obterem os melhores resultados nos estudos e depois na profissão os tem levado a pôr fim à vida. Além disso, Paris lembrou o isolamento de quem fica restrito por muitas horas às redes sociais. “Isso tem que ser visto seriamente. A pessoa, quando pensa em se matar, está em estado de ambivalência. Ela não quer morrer, mas se livrar da dor muito forte que a deixa com o raciocínio nebuloso”, explicou.
Para Robert, um fator que pesa em um momento desses é um comportamento próprio da juventude. “O jovem, quando não vê perspectiva, ânimo e desafios energizantes no futuro, como é impulsivo, pode ter pensamentos, ações suicidas e até cometer o suicídio.”
O índice de suicídios na Dinamarca é de cerca de 12 pessoas por 100 mil habitantes. Segundo Toft, desde que o Livslinien Institute foi fundado, o número de suicídios naquele país caiu pela metade. No entanto, ele prefere não atribuir a queda no índice ao Instituto, porque, se algum dia os números aumentarem, também vão creditar o crescimento dos casos à entidade.
No Brasil, o CVV tem o programa por chat há cinco anos e atende a cerca de 60 mil pessoas por ano. “É uma ação que deve ser feita e incrementada. Enquanto não sabemos exatamente a causa, vamos agir na população jovem e disponibilizar meios para que esses jovens possam falar de seus sentimentos, dizer que não estão se sentindo bem, para que não tenham vergonha de dizer que estão mal e não sejam forçados a ser felizes.”
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