domingo, agosto 02, 2015

Com especialistas de diversas instituições do País, Alepe realiza Seminário Comunicação Legislativa e Cidadania

Fotos: Rinaldo Marques

A Assembleia Legislativa realizou nos dias 30 e 31 de julho, quinta e sexta-feira da semana passada, o Seminário Comunicação Legislativa e Cidadania, organizado pela Superintendência de Comunicação Social da Alepe, com o apoio da Mesa Diretora da Casa Joaquim Nabuco e do Sindicato dos Servidores no Poder Legislativo do Estado de Pernambuco (Sindilegis-PE). O objetivo do evento, com a participação de especialistas de diversas instituições do País, foi dialogar sobre o papel da comunicação legislativa e a sua importância para a sociedade.

Na abertura do seminário, a superintendente de Comunicação Social da Alepe, Margot Dourado, destacou a importância da iniciativa para nortear os projetos da área: “Esse é o primeiro passo, e resultará na prestação de melhores serviços ao Poder Legislativo e, por consequência, à sociedade”.

Mediador da primeira mesa de debate – cujo tema foi Direito à Comunicação e o Campo Político –, o Chefe do Departamento de Imprensa da Alepe e recém-eleito presidente do Sindilegis-PE, Marconi Glauco, declarou que enxerga a questão da comunicação como um dos tema mais importantes no País. “É uma satisfação começar a gestão no sindicato com um evento dessa magnitude”, afirmou.

Pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e autora do livro Comunicação Pública, a professora Maria José de Oliveira salientou a necessidade de as pessoas exercerem a cidadania: “Só é possível crescer quando há estímulo à interação da sociedade com os diversos setores”. O jornalista e integrante do Centro Cultural Luiz Freire, Ivan Moraes Filho, ressaltou que “a comunicação estatal precisa ser libertadora, e não apenas divulgar o que o governante deseja”.

"Radiodifusão, Legislativo e Cidadão" foi o tema da segunda mesa de debate. Servidora da Câmara dos Deputados e coordenadora da Rede Legislativa de Rádio e TV, Evelin Maciel classificou a transparência, a prestação de contas e a interação com a sociedade como missões primordiais da Comunicação Pública. “As redes sociais, por exemplo, estão entre as principais tendências nessa busca de aproximar a pauta do parlamento com as demandas do cidadão”, afirmou.

O superintendente de Comunicação Institucional da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Rodrigo Lucena, ressaltou a capacidade da televisão em dar visibilidade ao trabalho legislativo. Já o presidente da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral), Sérgio Figueiredo, falou sobre a necessidade de haver uma normativa para as televisões e rádios legislativas.

PARTICIPAÇÃO POPULAR – À tarde, durante a mesa “Comunicação Pública e Direitos Humanos”, a curadora do Prêmio Vladimir Herzog, Ana Luísa Gomes, destacou que a construção da cidadania demanda capacidade de organização e participação social. “Entendemos comunicação pública como aquela que assume a perspectiva cidadã na abordagem dos temas de interesse coletivo, buscando participar e mudar a realidade”, disse.

Pesquisadora e professora da Universidade Federal de Pernambuco, a jornalista Ana Veloso analisou o caso dos programas policiais exibidos na TV aberta do Estado. “Pesquisa da Agência de Notícias dos Direitos da Infância detectou mais de 2.500 violações aos direitos humanos em 30 programas policiais. Para romper com esse sistema que expõe o ser humano de forma vexatória, a comunicação pública tem sido uma grande aliada”, assinalou.

O promotor do Ministério Público de Pernambuco Maxwell Vignoli tratou da campanha Palavras Têm Poder, criada para coibir violações de direitos humanos nos meios de comunicação. Em sua apresentação, apontou limites impostos à liberdade de expressão, pela falta de regulamentação da mídia, e tratou de peças publicitárias de caráter discriminatório contra negros, mulheres e a população LGBT.

Na formação de uma nova mesa de debate, a ouvidora-geral da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Joseti Marques; a diretora de programação e produção da TV Pernambuco, Indira Amaral; e o ouvidor da Alepe, Douglas Moreno, discutiram a Participação Popular e o Controle Social na Comunicação Pública.

Indira avaliou o papel das ouvidorias como fundamental para estruturar a programação das TVs públicas a partir da análise crítica dos cidadãos. “O conteúdo precisa ser ofertado no máximo de plataformas possíveis, sempre permitindo a interação com o público”, defendeu.

Joseti Marques centrou sua apresentação na missão da EBC de produzir e difundir conteúdos que ajudem a desenvolver a consciência crítica do cidadão. Douglas Moreno ressaltou a importância das ouvidorias para a melhoria dos serviços públicos, sobretudo num momento de desgaste na imagem das instituições. “A crise de representatividade pode ser minimizada pelas ouvidorias, que são canais de comunicação do cidadão”, comentou.

Debates sobre planejamento de comunicação e novas mídias encerram seminário na Alepe

O segundo dia do Seminário Comunicação Legislativa e Cidadania, foi iniciado com discussões sobre o planejamento e o uso de novas mídias. Especialistas de todo o País debateram os desafios para a implementação dos serviços de comunicação com foco no cidadão nas instituições públicas.

A primeira mesa do dia, com o tema “A Efetividade da Comunicação Pública: planejamento e evolução”, reuniu o ex-diretor do Núcleo de Comunicação Pública da Presidência da República, Jorge Duarte, e o diretor da Pró-Reitoria de Comunicação, Informação e Tecnologia da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Cunha.

Segundo Duarte, a comunicação deve ser planejada para fazer parte de todas as etapas de uma política pública. Já Paulo Cunha relatou o processo de adoção de uma política de comunicação pública na UFPE. “Só quando chega o momento de instituir essa política é que descobrimos a diversidade de conceitos envolvidos”, relatou Cunha.

Com o tema “Novas mídias, convergência e participação cidadã”, a mesa seguinte reuniu a diretora da empresa LeFil – Consultoria em Inteligência Digital, Socorro Macedo; Patrícia Costa, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Fernando Guerra, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG); e Tarso Rocha, do Senado Federal – todos ligados aos departamentos de mídias digitais dos respectivos órgãos.

“Com as redes sociais, diversos atores passam a produzir, distribuir e ter acesso a conteúdo. Esses atores podem impactar o governo, a economia e a sociedade civil, precisando ser encarados com seriedade e atenção”, analisou Socorro Macedo, da LeFil.

LINHA EDITORAL – À tarde, encerrando a programação do seminário, os participantes debateram os critérios de noticiabilidade e como definir a linha editorial dos veículos de comunicação de órgãos públicos. A mesa foi composta pelo especialista em Gestão Estratégica da Informação e ex-assessor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Antônio Achilis, e pelo diretor-adjunto da Agência e do Jornal do Senado, jornalista Flávio Gomide de Faria. A mediação foi feita pela superintendente de Comunicação Social da Assembleia Legislativa, Margot Dourado.

Achilis apresentou sua experiência à frente das instituições onde trabalhou e identificou que um dos principais erros cometidos pelas TVs públicas brasileiras, atualmente, é utilizar as TVs privadas como modelos de produção a serem seguidos. “São estruturas com objetivos diferentes. Os veículos privados buscam o lucro. A TV Legislativa deve, além de informar, instruir o público a exercer sua cidadania”, opinou. Para o profissional, que coordenou a criação do manual de jornalismo da EBC, a formulação deste material é essencial para balizar o trabalho desenvolvido pelos jornalistas de instituições públicas.

A rotina de trabalho no setor de Comunicação do Senado foi descrita pelo jornalista Flávio de Faria. Ele defendeu a cobertura completa das atividades parlamentares, seguindo o princípio da transparência das instituições públicas e funcionando como uma forma de prestação de contas à sociedade. “O povo pode interferir nas decisões, mas ele precisa saber que tem esse poder. Hoje, a maioria das pessoas não tem essa percepção”, constatou.

Para Margot Dourado, “os debates foram muito enriquecedores e serão aproveitados para que se faça, na Alepe, uma comunicação mais estratégica e eficiente, servindo cada vez melhor ao público”.

ALEPE

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