quinta-feira, julho 16, 2015

Para Humberto, discurso do Papa anima esquerdas latinas

Humberto ressalta que o Papa Francisco elogiou, em sua passagem pela América do Sul, os governos de esquerda dos países do continente (Foto: Alessandro Dantas/Liderança do PT)

O forte viés social das declarações do Papa Francisco em sua passagem pela América do Sul vem ao encontro das esquerdas latino-americanas, que se sentiram encorajadas pelas palavras do Pontífice, avaliou o líder do PT no Senado, Humberto Costa. Os governos de esquerda do continente tiveram diversas políticas elogiadas nos discursos de Francisco, que demonstrou estar de mãos dadas com a inclusão dos mais pobres, com o diálogo permanente e contra a intolerância e o consumismo.

Para o senador, que discursou sobre o tema na tarde desta quarta-feira (15), as mensagens do Pontífice mostram a sua imensa coragem de “meter o dedo nas veias abertas” dos países do continente e dizem muito sobre a condição dos latino-americanos, que convivem com a miséria há séculos. 

“Disse ele, com toda a razão, que os pobres são a dívida que a América Latina tem. De fato, a luta pela inclusão no nosso continente é algo que só foi verdadeiramente assumido quando governos de esquerda, compromissados com as causas sociais, chegaram ao poder nesses países”, ressaltou Humberto, da tribuna do plenário do Senado.

O parlamentar destacou que a própria escolha do roteiro feita pelo Pontífice, passando por Equador, Bolívia e Paraguai, já foi revestida de uma enorme simbologia política, tendo em conta o quadro de pobreza, desigualdade social, espoliação dos povos indígenas pelas elites brancas e dos sanguinários regimes autoritários que marca a história desses países.

“O Papa reconheceu - num gesto de imensa significação, que incomodou muitas forças reacionárias - os esforços feitos pelos presidentes do Equador, Rafael Correia, e da Bolívia, Evo Morales, em favor do desenvolvimento inclusivo nos países que governam”, afirmou. “Não foram poucos os que receberam com imenso desconforto as suas palavras, incomodados pelas críticas elegantes, mas extremamente afiadas do Pontífice a um modelo de que muitos ricos se locupletam em prejuízo dos mais pobres”, disse Humberto.

O líder do PT destacou também a condenação feita por Francisco à idolatria ao capital e ao fato de o dinheiro dirigir as opções dos seres humanos. O senador acredita que a avidez pelo dinheiro tutela todo o sistema socioeconômico e, como diz o Papa, “arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, coloca povo contra povo e, como vemos, até põe em risco esta nossa casa comum”.

O parlamentar considera que os brasileiros decidiram se transformar agentes da própria transformação quando elegeram Lula presidente em 2002. Para o líder do PT, houve uma verdadeira revolução no Brasil, com a retirada de mais de 36 milhões de famílias da pobreza, a elevação de 42 milhões de pessoas à classe média, a criação 20 milhões de empregos e a duplicação do número de estudantes nas universidades.

“Quantos ainda não lamentam, neste país, não poderem mais dispor de empregados domésticos em regime praticamente de semiescravidão. Quantos não foram os que reclamaram, com toda a carga de racismo e preconceito, que os aeroportos tinham virado rodoviárias, em razão do espetacular acesso a que os mais pobres tiveram às viagens de avião?”, disparou. 

Para o senador, as ideias do Papa são infinitamente mais avançadas e iluminadas do que muitas das que circulam hoje no Brasil, principalmente no que diz respeito à regulação econômica dos meios de comunicação. Humberto diz que as sugestões de mudança no setor “se propõem a acabar com esse monopólio nefasto e carcomido, usado escandalosamente para a defesa de interesses de grupos políticos e econômicos”.

Por fim, o senador disse acreditar que, independentemente da fé que os brasileiros professem, é importante refletir profundamente sobre as palavras de Francisco, considerado por ele um grande líder espiritual e político.

Assessoria de Imprensa Senador Humberto Costa

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