Com uma carreira consolidada e premiada na Arquitetura, Luiz Paulo Conde entrou tarde na política. Aos 60 anos, assumiu a Secretaria municipal de Urbanismo no primeiro governo de Cesar Maia (1993-1997) e recebeu a missão de estar à frente do ousado projeto do Rio Cidade, que consistiu em diversas intervenções urbanas nas vias mais importantes dos principais bairros cariocas. Ex-simpatizante do PCB, Conde filiou-se ao PFL para suceder Cesar Maia. Foi eleito prefeito no segundo turno, derrotando Sergio Cabral Filho, então candidato pelo PSDB.
Conde foi lançado candidato à prefeitura e, mesmo tido como um azarão, foi eleito (1997-2001) e concluiu o Rio Cidade, a Linha Amarela e também o Favela-Bairro. Entre suas obras mais importantes, duplicou um trecho de sete quilômetros da Avenida das Américas e remodelou a Praça Quinze. Na época, convidou arquitetos espanhóis para fazer o projeto do mergulhão. Durante o governo Cesar Maia, foi uma espécie de super secretário, encarregado de comandar todas as obras da cidade.
O prefeito Eduardo Paes decretou luto oficial de três dias na cidade pelo falecimento do ex-prefeito. Em nota, Paes recordou a participação de Conde nas transformações urbanísticas da cidade.
“O Rio de Janeiro perdeu hoje um grande realizador. Luiz Paulo Conde fez parte de um grupo seleto de cariocas que tiveram o prazer e o orgulho de gerir a nossa Cidade Maravilhosa. Suas mãos ajudaram a projetar importantes transformações como o Rio-Cidade, o Favela-Bairro e a construção da Linha Amarela. Conde foi um inspirador para realizarmos a grande transformação pela qual o Rio de Janeiro passa. Com seu olhar urbanístico, foi um dos primeiros gestores a pensar na revitalização da Região Portuária e na demolição do elevado da perimetral. Arquiteto premiado, Conde tinha orgulho de sua profissão e inspirava-se na arquitetura para executar projetos. Hoje, o Rio está mais triste com sua perda”.
Amigo de longa data do ex-prefeito, o arquiteto Sergio Magalhães, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), recordou a faceta urbanista de Conde.
— Ele era um apaixonado pela arquitetura e pelo Rio. E não media esforços por estas duas paixões. Logo no começo da concepção do projeto Rio Cidade, quando ele era secretário de urbanismo e eu de Habitação, Conde nos surpreendeu um dia ao voltar de uma reunião com então prefeito Cesar Maia. Tínhamos conversado em implantar o projeto em três bairros e ele chegou dizendo: “Três é pouco, vamos fazer em 15 bairros”. O projeto acabou sendo implantados em cerca de 30 bairros. Para o Conde, não se tratava de fazer uma experiência, mas de provocar uma mudança na cidade — disse Magalhães.
O Globo
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