sexta-feira, julho 24, 2015

E quando a crise hídrica/elétrica bate à porta?


O brasileiro convive mais uma vez com a necessidade de economia de recursos básicos, como água e luz. O aumento das tarifas de energia elétrica e a falta d’água em pontos variados do país são sinais de que algumas (ou muitas) coisas não vão bem. Um exemplo claro é a recente implementação das bandeiras tarifárias, que indicam ao consumidor quando a energia está mais cara ou quando houve redução de cobrança, prática inédita no país.

A reportagem foi publicada pelo portal EcoDebate, 23-07-2015.

De acordo com o professor do ISAE/FGV e coordenador do MBA em Setor Elétrico da instituição, Diogo Mac Cord de Faria, o Brasil está no limite de sua geração de energia. A falta de gestão aliada a condições climáticas desfavoráveis, segundo ele, é a receita do caos. Mac Cord explica que, atualmente, não construímos mais usinas com reservatório, apenas a fio d’agua, como são chamadas as usinas que operam apenas com o rio não represado. “Isso significa que, quando chove, temos energia. Quando não chove, não temos. Com o Brasil entrando numa crise econômica, as previsões são de retração no mercado elétrico, o que nos salva, por hora, de um apagão ainda neste ano”, alerta Mac Cord.

A solução, segundo o professor, é iniciar um racionamento moderado, evitando consequências mais graves num futuro próximo. Nas residências, é possível praticar cortes “simples” como a diminuição do uso do ar condicionado e do chuveiro elétrico. Para Mac Cord, “este deve ser o principal objetivo dos consumidores residenciais”.

Dados x soluções

A margem de redução para o brasileiro é pequena, o que dificulta ainda mais as opções de economia doméstica. OBanco Mundial indica que, enquanto os brasileiros consomem 2.400 kWh por ano, os argentinos consomem quase 3.000 kWh. Em outro comparativo, desta vez com os americanos, mostrou que utilizamos 20% menos energia que eles. Esse cenário evidencia que é preciso buscar caminhos alternativos para poupar mais. Entre eles, segundo o professor, estão a construção de mais usinas com reservatórios e o planejamento cauteloso, “com responsabilidade, mas sem preconceito”, de geração nuclear.

Sertão urbano: como resolver?

A crise hídrica também é fator preocupante e diretamente atrelado à crise elétrica. Tudo por um motivo simples: o aumento da utilização das termelétricas como medida preventiva ao uso das hidrelétricas elevou proporcionalmente as tarifas de luz. Além disso, segundo o docente do ISAE/FGV, Cleverson V. Andreoli, a falta de recursos para investimentos em diversas áreas fez com que os governos diminuíssem a margem de segurança dos projetos hidráulicos, que devem prever um grande período de recorrência para evitar comprometimento no abastecimento público.

Uma das soluções em longo prazo apontadas por Andreoli é a criação de legislações mais estimulantes às boas práticas ambientais, como a construção de casas sustentáveis que devem ser planejadas desde a concepção do projeto. “Leis excessivamente restritivas acabam por prejudicar o meio ambiente. É preciso garantir a segurança, mas sem desestimular ações sustentáveis importantes para evitar situações como as vividas hoje”, explica o professor.

As mudanças climáticas ampliam os extremos: as secas e as chuvas ficam mais intensas e este fenômeno já começa a cobrar atitudes na rotina dos brasileiros. Para Andreoli, não é preciso esperar o Governo decretar regras de racionamento, uma vez que estamos numa situação de risco iminente. Entre as medidas práticas que podem ser executadas para evitar o desperdício no dia a dia, estão:

* Diminuir a carga de freezers e geladeiras e regular a temperatura;
* Evitar o uso de equipamentos de grande consumo de energia elétrica em horários de pico (das 18h às 21h)
* Desligar da tomada equipamentos em stand by, como TVs e rádios;
* Apagar a luz ao sair do recinto e desligar a televisão quando não estiver assistindo;
* Na compra de novos equipamentos elétricos e eletrônicos, dê preferência ao que tem certificação de eficiência Procel;
* Substitua as lâmpadas incandescentes por fluorescentes;
* Passar toda a roupa de uma só vez, evitando consumo excessivo de energia;
* Preferir chuveiros a gás. Caso não seja possível, reduzir o tempo de banho em chuveiros elétricos;
* Instalar descargas com função dupla, que dosam a quantidade de água despendida por funcionalidade;
* Fechar a torneira ao escovar os dentes ou se ensaboar;
* Aproveitar água da chuva para reutilização em atividades domésticas.

Fonte: IHU Online

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