segunda-feira, maio 11, 2015

Quando o oprimido passa a ser o opressor - artigo de Doriel Barros

Doriel Barros, presidente da Fetape

O Brasil tem vivido, nos últimos anos, momentos muito importantes de sua história, com transformações profundas em termos de crescimento econômico e inclusão social, possibilitando uma ascensão da classe média, bem como a redução da miséria. Mais de 25 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza, ou seja, mais que o dobro da população de Pernambuco. O Salário Mínimo, que no ultimo ano do Governo FHC correspondia a US$ 86,21 (R$ 200,00), em outubro de 2014, final do primeiro mandato do Governo Dilma, valia US$ 288 (R$ 724,00), assegurando às famílias trabalhadoras a possibilidade de realizar muitos sonhos. Viajar e adquirir bens passaram a ser uma realidade, para uma parcela enorme da população. Formação superior deixou de ser um privilégio dos ricos. Os filhos de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade ingressaram na universidade; negros e pobres passaram a ser protagonistas e não apenas coadjuvantes.

Perguntas, então, ficam no ar: por que essas mudanças fundamentais e a implementação de um conjunto de politicas tão importantes para a nossa gente fizeram brotar tanto ódio ao governo da presidenta Dilma e ao PT? Por que ouvir um panelaço na hora em que o primeiro trabalhador a ser presidente do nosso país, Lula, falava no programa do PT? Por que ver e ouvir gritos e xingamentos quando a primeira mulher eleita e reeleita presidenta fala à população? Será que é mesmo pelos erros, ou será que pelos acertos promovidos por esse Governo?

Vivemos em um país capitalista, no qual a elite não aceita ser liderada por quem realmente trabalha. A burguesia não aceita que a empregada compre na mesma loja que o patrão, ande no mesmo avião, esteja com um carro da mesma marca. Essa elite acredita que nasceu para dominar os mais pobres, e, quando esses pobres passam a viver de forma independente, isso gera um ódio e aumenta o preconceito.

Essa elite faz de tudo para provar que está dizendo a verdade, e não tem escrúpulos na utilização dos meios de comunicação, do Judiciário e de um poder paralelo para desferir golpes contra os governos democráticos e populares, buscando fazer o povo acreditar que o PT é o diabo e que ela (a elite) é a grande referência da ética.

Quanta corrupção existiu antes de o PT chegar ao governo e a população nunca teve conhecimento? Quantas pessoas eles torturaram e mataram e, até hoje, as famílias lutam para ter informações? São demagogos e oportunistas, que precisam ser reconhecidos pelo nosso povo.

Nossa gente não pode se igualar a esses opressores, que se utilizam da mentira para tentar transformar a mente e o coração de um povo que vivia oprimido.

Vejo com tristeza alguns trabalhadores que, apesar de terem saído da miséria, fruto das politicas do PT, assumem um discurso da Direita. Isso me faz lembrar quando o educador Paulo Freire falava da pedagogia do oprimido e dizia: “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”.

Precisamos ter cuidado com os discursos fáceis, para que possamos crescer politicamente, e nos distanciar dos fascistas. Estamos diante de um congresso dos mais conservadores dos últimos anos. Então, o que esperar dessa gente? E o mais chocante, é que foram eleitos por uma população de maioria trabalhadora. Isso precisa mudar. Vivemos em um Sistema Presidencialista, mas sabemos que o poder está no Congresso Nacional, formado por grupos que estão longe de aceitar, por exemplo, uma Reforma Política. Por isso, a nossa educação precisa ser libertadora, para que o nosso olhar vá além das urnas, vá para o nosso futuro.

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