quarta-feira, maio 27, 2015

Investigação acusa Marin de receber mais de R$ 20 milhões em propinas


O Departamento de Justiça americano divulgou um documento de 168 páginas em que detalha as acusações feitas aos dirigentes da FIFA presos em Zurique. Suborno, lavagem de dinheiro, fraude, obstrução de justiça entre outros crimes são listados em 12 casos ou "esquemas". O documento traz vários personagens sem nome - mas frisa que suas identidades são conhecidas pela investigação. O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é acusado de vários crimes - e especificamente de receber suborno em duas negociações.

A primeira acusação contra o brasileiro é relacionada às próximas quatro edições da Copa América. Segundo a acusação, a empresa Datisa pagaria até US$ 110 milhões em subornos (cerca de R$ 340 milhões) para garantir os direitos da competição até 2023. Deste montante, a Datisa já teria pago cerca de US$ 40 milhões divididos entre os dirigentes. Esse dinheiro seria distribuído assim: por cada edição, os presidentes da Conmebol, da CBF e da AFA embolsariam US$ 3 milhões cada (R$ 9,6 milhões); os presidentes das outras confederações levariam US$ 1,5 milhão cada (R$ 4,7 milhões) e ainda sobrariam US$ 500 mil (R$ 1,6 milhão) para um décimo-primeiro dirigente não identificado. Segundo os investigadores americanos, as duas primeiras "cotas" (luvas e 2015) foram pagas. A Copa América do Centenário (que celebra 100 anos da competição) e será realizada nos EUA traria mais dinheiro - e propina maior: US$ 30 milhões (R$ 96 milhões) a serem divididos.

No capítulo da Copa do Brasil, a investigação relata uma disputa entre duas companhias de marketing esportivo pelos direitos da competição a partir de 2013. Essa disputa teria se encerrado em um acordo celebrado em agosto de 2012. Vejam o trecho que relata o acordo entre Hawilla e o Co-Conspirador #6, concorrente da Traffic, que disputava os direitos da Copa do Brasil.

Diz o relatório:

"O Co-Conspirador #6 aconselhou o Co-Conspirador #2 sobre os pagamentos que tinha concordado de fazer ao Co-Conspirador #11. Co-conspirador #6 foi disse também ao Co-Conspirator #2 que o pagamento de suborno que ele havia negociado inicialmente com o Co-Conspirador #11 tinha aumentado quando outros dirigentes da CBF, incluindo o réu José Maria Marin (que havia se tornado presidente da CBF em 2012) e Co-Conspirador #12 também requisitaram propinas. Co-Conspirador #2 concordou em pagar metade do custo do suborno - a ser distribuido entre Marin, Co-Conspirador #11 e Co-Conspirador #12. Em 15 de agosto de 2012 essa soma foi de R$ 2 milhões - então equivalente a US$ 986.000"

Segundo a acusação, os "Co-conspiradores" usaram a rede bancária dos Estados Unidos para realizar as transações - tanto domésticas quanto internacionais. A investigação foi além. Em abril de 2014, o relatório diz que Marin esteve em Miami para anunciar a Copa America Centenario e apresenta um diálogo que o então presidente da CBF teria mantido com o "Co-Conspirador #2" - no qual teriam discutido o status dos pagamentos devidos a ele e ao Co-Conspirador #12 pelo esquema da Copa do Brasil.

"A certa altura, quando o Co-Conspirador #2 perguntou se era realmente necessário continuar a pagar seu antecessor na presidência da CBF, Marin respondeu: "Já é tempo de vir na nossa direção. Certo ou errado?". O Co-Conspirador #2 concordou dizendo ´Claro, claro, claro. Esse dinheiro tem que ser dado a você. Marin concordou: ´É isso. Está certo´´"

Ou seja - Marin dividiria R$ 2 milhões a cada ano de contrato na Copa do Brasil com dois outros dirigentes. O contrato ira até 2022 - logo os cartolas dividiriam cerca de R$ 20 milhões por três - cada um levaria aproximadamente R$ 6,7 milhões. Até 2015, o cartola teria recebido cerca de R$ 2,65 milhões.

Por Globoesporte.com
Nova York, EUA

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