Retirada de areia no leito seco do rio, em Brejo da Madre de Deus, acelera a evaporação da água subterrânea (Foto: Associação Águas do Nordeste/Divulgação)
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe contesta a licença concedida pelo governo do Estado para extração de areia num trecho do rio em Brejo da Madre de Deus, município do Agreste pernambucano. O assunto foi discutido na 29ª reunião do grupo, terça-feira (28).
De acordo com o presidente do Comitê, Paulo André Dias da Silva, a retirada do sedimento está sendo feita com máquinas pesadas, contrariando a Resolução nº 01/2013 do Conselho Estadual de Meio Ambiente. O documento define regras para a extração de areia no leito seco do rio.
A areia do leito seco – quando o rio não corre por cima da terra, nos períodos de estiagem – funciona como proteção para a água acumulada no subsolo. Sem essa areia, o líquido evapora rapidamente, explica o biólogo Ricardo Braga, integrante do Comitê e presidente da Associação Águas do Nordeste (ANE).
Na reunião, realizada no auditório da Agência Condepe-Fidem, no Centro do Recife, ele disse que a mineradora responsável pelo serviço recebeu a licença ambiental da Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) e a outorga da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
“Enviamos ofício à CPRH, pedindo esclarecimentos, mas não tivemos resposta. Convidamos a agência para esse encontro de hoje (ontem), mas não apareceu nenhum representante”, diz Paulo André. A retirada da areia estaria contribuindo para secar o rio nessa região, afirma.
A ANE fotografou o local em 12 de abril de 2015, oito dias após o início da extração da areia, no Sítio Logradouro. “Não há placa indicativa, para dar transparência à obra. E a licença foi concedida sem o mapa de localização do empreendimento”, diz Ricardo.
O diretor de Regulação e Monitoramento da Apac, Marconi de Azevedo, disse que reavaliou o processo e constatou que três itens estão em desacordo com a resolução do Consema. “Notifiquei a empresa, com prazo de cinco dias para ela dizer se a situação está legalizada”, informa.
Caso a mineradora não consiga comprovar, a Apac pedirá o cancelamento da licença. Porém, a empresa pode pedir prazos para se justificar.
Jornal do Commercio
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