A reunião foi convocada depois que ficou comprovado que, devido à atividade gesseira, muitos fósseis têm sido encontrados na localidade. No entanto, esse material paleontológico não tem recebido o tratamento e armazenamento adequado. Sob a presidência da promotora de Justiça Juliana Pazinato, a audiência contou com a presença do coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caop Meio Ambiente), promotor de Justiça André Felipe Barbosa de Menezes; professora do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alcina Magnólia de França Barreto; e procuradora da República Maria Beatriz Ribeiro, representando o Ministério Público Federal (MPF).
Na ocasião, o coordenador do Caop Meio Ambiente destacou o papel do MPPE e do MPF numa atuação conjunta em uma parceria estratégica. André Felipe lembrou que a atividade gesseira atua como facilitadora do alcance ao patrimônio fossilífero e esclareceu que o objetivo da audiência é traçar estratégias de atuação.
Já a professora Alcina Barreto realizou uma apresentação sobre o tema e ressaltou as dificuldades e vantagens para preservação do acervo fossilífero. Como dificuldades, foram apontadas a disseminação do conhecimento e o receio das empresas de gesso em divulgar a localização dos fósseis, por medo de perder a licença de exploração. Já como vantagens, foram elencadas a possibilidade de o fóssil ser visto como uma mais valia para as empresas, destacando que a inovação tecnológica agrega valor ao produto; os fósseis podem ser coletados dos rejeitos e não está na camada de gipsita, com isso o polo gesseiro pode vir a ser considerado exemplo mundial de ações de boas práticas na área; geração de empregos; menos perdas para a ciência e para a localidade.
Ainda no encontro, foi concedida a palavra ao representante do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), José Artur de Andrade, que discorreu sobre os sítios paleontológicos do Ceará. Ele alertou que a retirada do fóssil necessita ser, ao menos, comunicada ao DNPM e sugeriu a formalização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com as mineradoras e o envolvimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Entre as estratégias a serem desenvolvidas ficou acertada a ampliação do Termo de Cooperação Técnica entre a Rede Meio Ambiente-Patrimônio Público (Rede MAP) e a UFPE; a formação de uma comitê para elaborar um plano de ação; a formalização de recomendação conjunta entre MPPE e MPF acerca do acautelamento do patrimônio paleontológico encontrado a partir de agora, nas mineradoras (fiel depositário), até definição do local de guarda, com registro catalogado (nome da mineradora) e comunicação ao DNPM.
Outra medida acertada foi com relação à orientação aos técnicos das mineradoras sobre a catalogação, com orientação presencial da professora Alcina Barreto, sendo que cada mineradora indique seu técnico responsável. Além disso, os prefeitos da região devem ser oficiados acerca da intenção de cooperação e indicação de potenciais locais de museus.
MPPE
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