A coordenadora de Políticas Públicas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário do município, Vaneide Torres, parceira do circuito, disse que, além de viabilizar os espaços para venda, a prefeitura oferece assessoria técnica aos empreendedores. “Apoiamos projetos e redes em diversas comunidades do Rio. A ideia é proporcionar às artesãs mais facilidade para compras de forma coletiva, que barateiam o custo, e garantir um local de venda, porque a maioria sustenta a família exclusivamente com o que produz.”
Coordenadora do grupo de artesãos do Complexo da Maré, Clarisse Cavalcante, de 65 anos, explicou que o trabalho desenvolvido no circuito tem mais de 15 anos e envolve, sobretudo, mulheres de comunidades pobres. Segundo ela, homenageá-las é uma forma de ressaltar a luta do grupo por autonomia financeira e empoderamento.
“Na economia solidária, acredito que 99% sejam mulheres. Deveria se chamar economia feminista. Geralmente, o homem vai embora e larga a mulher com os filhos para ela criar. Aqui estamos relembrando nossa luta, nossa emancipação, construção da cidadania e o reconhecimento dos direitos das mulheres”, disse ela.
A artesã Elza Santiago, de 54 anos, faz parte do circuito desde que foi criado, há nove anos, e é exemplo de luta e superação por meio da arte na economia solidária. “Tudo começou com uma tragédia pessoal. Estava na miséria e descobri que tinha habilidades manuais, então comecei a fazer artesanato para sustentar meus dois filhos”, contou. “Meus filhos ajudavam – não gostavam, pois diziam que era coisa de mulher –, mas cortavam linha, entregavam [os produtos]. Vivo disso aqui. A maioria que está aqui não está por hobby, mas porque precisa pagar as contas”, afirmou.
O Circuito Rio Ecosol nasceu da parceria do Fórum Municipal de Economia Solidária com o Programa Polos do Rio, e as feiras são realizadas mensalmente, em diferentes bairros da cidade. Cerca de 100 empreendimentos de economia solidária participam do circuito. Os produtos devem ser diferenciados e de criação própria. Vão desde roupas a bijuterias, objetos de decoração e alimentos.
Clarisse e Elza argumentam que a principal dificuldade dos artesãos que trabalham com economia solidária é a falta de espaços para escoar a produção.“No meu caso, tenho muitas amigas – é uma mulher ajudando a outra, mas o ideal é que tenha mais feiras”, acrescentou Elza.
A aposentada Marisa dos Santos Pereira, de 56 anos, que não conhecia a feira, gostou da variedade e dos preços dos produtos. “Gosto muito de artesanato, e acho a iniciativa bacana: uma complementação alternativa de renda. O preço é justo, pena que estou dura.”
Agência Brasil
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