Fernando Bezerra Coelho em entrevista ao Blog de Assis Ramalho (Foto: Arquivo)
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) fez nesta quarta (11) o primeiro discurso na tribuna do Senado Federal. Fernando narrou sua trajetória política, que em 2015 completa 33 anos, homenageou personalidades públicas de Pernambuco e destacou os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. O discurso recebeu apartes de dez senadores: João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Antônio Anastasia (PSDB-MG), Otto Alencar (PSD-BA), Benedito de Lira (PP-AL), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Cristovam Buarque (PDT-DF), Hélio José (PSD-DF).
Confira abaixo o texto completo do discurso de Fernando Bezerra Coelho. O discurso está disponível também no YouTube: >https://www.youtube.com/watch?v=22KTUfjxp58
"Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Dirijo as minhas primeiras palavras aos homens e mulheres de Pernambuco para, mais uma vez, agradecer pela confiança em mim depositada. Muito obrigado a cada um e a cada uma. Dedicarei meus melhores esforços na luta que estamos apenas começando, para honrar os compromissos assumidos com a nossa gente. Serei a voz não de uma parte, mas de todos os pernambucanos no Senado.
Ocupar agora a tribuna desta Casa, por onde já passaram representantes de Pernambuco como João Cleofas, Cid Sampaio, Paulo Guerra, José Ermírio de Moraes, Apolônio Sales, Marcos Freire, Antônio Farias, Marco Maciel, Mansueto de Lavor, José Jorge, Carlos Wilson, Roberto Freire, José Coelho, Sérgio Guerra e Jarbas Vasconcelos, sem dúvida, é uma grande honra. No entanto, quero fazer aqui uma citação especial a alguém com quem tive a oportunidade de aprender durante o início da minha vida pública. Um defensor dos interesses regionais, que exercitou o respeito aos adversários políticos, colocando os interesses de Pernambuco acima de tudo. Lembro o meu tio, Nilo Coelho. Um homem que no exercício da presidência do Congresso teve a altivez de deixar de lado as questões partidárias para defender o parlamento brasileiro. Um grande exemplo e inspiração para mim.
Chegar a esta casa, após uma caminhada que em 2015 completa 33 anos, é motivo de grande alegria. Nestas três décadas tive a oportunidade de servir ao meu estado em diversas funções. Ingressei na vida pública como deputado estadual. Fui líder do Governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco e nesse primeiro mandato tive o privilégio de ser convidado pelo Governador Roberto Magalhães para ser o seu secretário da Casa Civil. Em 1986 vim para o Congresso Nacional como deputado constituinte e pude ajudar a escrever a nossa Constituição Cidadã. Foi um tempo de enorme aprendizado. O país saia das sombras da ditadura e dava seus primeiros passos para consolidar a democracia. Guardo daquela época as melhores recordações da convivência com pessoas do valor de Cristina Tavares, Fernando Lyra, Francisco Dornelles, José Serra, Lula, José Richa, Mário Covas e Ulysses Guimarães, um homem que se tornou símbolo das melhores tradições do parlamento nacional.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Reeleito Deputado Federal em 1990, interrompi o mandato para exercer o cargo de Prefeito da minha cidade natal. O generoso povo de minha querida Petrolina me conferiu a oportunidade de administrar a cidade em mais outras duas ocasiões e em todas elas trabalhei ouvindo as pessoas, de portas abertas para receber quem quer que fosse. Como Deputado Federal e prefeito, tive o privilégio de conhecer, me aproximar e me tornar amigo de uma grande figura humana. Um sertanejo lá do Araripe, no Ceará. Um homem extremamente culto, mas que se fazia compreender, sobretudo pelos mais humildes. Um cidadão sempre preocupado com sua gente e um político de grande habilidade para unir as pessoas em torno de ideais. Falo do ex-governador Miguel Arraes de Alencar. Com Arraes tive uma convivência de amizade e respeito. Fui seu secretário de Agricultura e no governo tivemos a oportunidade de consolidar o chapéu de palha, primeiro grande programa de transferência de renda do Brasil. Levamos a energia elétrica aos pontos mais distantes, tirando comunidades inteiras do isolamento, e iniciamos obras importantes para melhorar a oferta de água aos pernambucanos.
Como Secretário de Agricultura e depois no exercício dos meus segundo e terceiro mandatos como prefeito de Petrolina, pude conviver e caminhar mais de perto com um jovem que despontava como uma grande liderança. Possuidor de um magnetismo pessoal que a todos impressionava. Alguém que não temia desafios, um homem obstinado, ousado e capaz de enxergar além do presente. Falo de Eduardo Henrique Accioly Campos. Quando Eduardo Campos lançou-se candidato ao governo de Pernambuco, em 2006, as pesquisas lhe apontavam apenas 3% das intenções de voto. Muitos em nosso pequeno grupo na ocasião, não acreditavam ser possível vencer. Eduardo, ao contrário, sempre acreditou no que defendia e foi em frente. Com muita garra e um programa de governo definido, chegou ao segundo turno e venceu aquelas eleições. Com isto, Pernambuco pôde inaugurar um novo tempo, que ajudei a consolidar como secretário de Desenvolvimento Econômico em sua primeira gestão. Nosso Estado, acostumado a chorar as oportunidades perdidas para os vizinhos, viu chegar o polo farmacoquímico, o polo naval, o polo vidreiro, o polo automotivo, o polo petroquímico têxtil, bem como a ampliação do polo de bebidas e do polo de alimentos, gerando um conjunto, estimado hoje, em quase 700 novas empresas. Pernambuco fez surgir, em apenas oito anos, quinhentos e sessenta mil novos postos de trabalho. Um recorde no Nordeste. Um recorde em nossa própria história.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Por indicação de Eduardo e do meu partido, o PSB, em 2011 tive a honra de servir ao meu país, como Ministro da Integração Nacional da presidenta Dilma Rousseff. No ministério, conseguimos reordenar um projeto com a dimensão da transposição do Rio São Francisco. E definir um ambicioso programa de investimento em recursos hídricos que ultrapassa a marca de 30 bilhões de reais. Implantamos milhares de cisternas por todo o país. Construímos barragens, adutoras e canais, assegurando água para as famílias que vivem no semiárido. Simplificamos os procedimentos de acesso aos recursos públicos em situações de calamidade. Esta medida, inclusive, ganhou o reconhecimento da Controladoria Geral da União, que premiou o Ministério por Boas Práticas de Gestão.
Ao final de dois anos e dez meses de trabalho, deixei o governo para me engajar no projeto defendido pelo meu partido. O PSB entendeu que a polarização entre PT e PSDB estava esgotada e que os brasileiros esperavam por novas alternativas. Um novo caminho para a política nacional foi apresentado por Eduardo Campos. Um gestor competente, com experiência política e enorme capacidade técnica. Eduardo começava a encantar o Brasil, pregando ideias inovadoras, quando fomos surpreendidos por um duro golpe do destino. No mesmo dia em que lembrávamos a morte de Miguel Arraes, perdemos Eduardo num acidente trágico, que chocou a nação. Para nós, pernambucanos, o desaparecimento de Eduardo, no auge da sua vitalidade, calou de forma profunda. Durante a campanha constatamos, eu e o governador Paulo Câmara, a gratidão do povo pernambucano com Eduardo. Ouvíamos, em cada recanto do Estado, as pessoas pedindo para que o legado dele fosse continuado. O reconhecimento ao trabalho de Eduardo Campos garantiu a Paulo Câmara a maior votação proporcional entre os governadores do país. Fui eleito como o segundo senador mais bem votado do Brasil, com a missão de auxiliar Paulo Câmara e a Frente Popular a fazer um governo ainda melhor que o de Eduardo.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Mas se foram grandes os avanços conquistados nestes últimos anos, são ainda maiores os obstáculos a serem vencidos. Superá-los vai depender da nossa capacidade de articulação e trabalho. Vivemos um momento de grande dificuldade e incerteza. Em tempos assim é fundamental que possamos estar unidos para concretizar os sonhos que a população acalenta. Pernambuco ainda é um estado pobre, com grandes demandas que dependem dos recursos do Governo Federal. Precisamos, portanto, manter o canal do diálogo aberto, sem os radicalismos de ocasião, para que o estado consiga viabilizar os projetos fundamentais para o nosso desenvolvimento.
Assumi perante os pernambucanos o compromisso de concentrar minha atuação em cinco grandes eixos temáticos: educação, saúde, desenvolvimento econômico, revisão do pacto federativo e segurança hídrica.
Na educação queremos resolver um problema histórico, que trava o crescimento do Brasil: os baixos salários dos professores. Sem professores qualificados e estimulados não vamos a parte alguma. Não teremos um futuro. Defendo a criação da carreira federal do professor de ensino fundamental, para que possamos corrigir as distorções nacionais e garantir remuneração mais justa aos que lutam nas salas de aula.
Na Saúde, quero ajudar a aprovar a emenda que obriga o Governo Federal a investir ao menos dez por cento do PIB da receita corrente líquida na atenção básica.
Nós temos um pacto federativo absolutamente desigual, que pune de forma cruel os estados e os municípios. O Governo Federal concentra mais de 65% dos recursos arrecadados. O que sobra para os outros entes federados é muito pouco e não cobre os investimentos necessários em escolas, postos de saúde, mobilidade e infraestrutura. Esta distorção deve ser corrigida urgentemente, para que os três níveis de governo tenham autonomia e capacidade de atender às demandas sociais.
Vou atuar para garantir o acesso permanente a este bem tão precioso que é a água. Venho do semiárido brasileiro, do sertão do São Francisco, uma região que foi transformada pelo poder da água, da irrigação. Temos que ter um planejamento nacional para garantir que cada casa deste país tenha água 24 horas por dia, sete dias na semana. Mas não falo aqui apenas da água para o consumo humano. Necessitamos de água para a produção nas indústrias, no comércio, na irrigação e na agricultura familiar. É nosso dever trabalhar nesta direção, mas protegendo os mananciais, para preservar a água limpa às futuras gerações. Passou da hora de investirmos em um ambicioso plano nacional de recursos hídricos que possa proteger e revitalizar as nossas bacias hidrográficas e, sobretudo ampliar a oferta de água.
Quero, por último, me dirigir aos meus colegas de casa. Sei que haverei de aprender com todos e me coloco a disposição para colaborar, vocês terão em mim um companheiro leal e sempre disposto a ajudar na construção do entendimento e das melhores discussões.
Concluo Senhor Presidente, deixando uma frase de um grande pensador inglês: “O pessimista é aquele que se queixa do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas”. Vivemos tempos de mudança, Tempos de crise. Tempos de oportunidades. Renovo a minha fé em Deus. A minha crença nos homens. Rogo para que todos nós, senadores e senadoras do Brasil, possamos estar a altura dos tempos que vivemos. É hora de juntos ajustarmos as velas desta casa, para que o Senado do Brasil seja o farol e a sinalização do caminho nestes tempos de incertezas e de dúvidas."
Assessoria de Imprensa do Senador Fernando Bezerra Coelho
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