Os três presídios do Curado têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000.
Um novo tumulto teve início no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, no final da tarde deste domingo (1º). De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, houve uma confusão entre presos do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (Pjallb), no final do horário de visitas.
Nove presos ficaram feridos. Quatro foram atendidos com ferimentos leves na enfermaria da unidade prisional e um foi encaminhado em estado grave ao Hospital Otávio de Freitas, onde precisou passar por cirurgia. Os outros quatro feridos aguardam transferência para Unidades de Pronto Atendimento e hospitais do Recife. De acordo com a Secretaria de Ressocialização (Seres), um boletim médico será divulgado na manhã da segunda-feira (2). No sábado (31), uma confusão no Complexo deixou um morto e quatro feridos.
Neste domingo, o Batalhão de Choque precisou entrar no Complexo para deter o tumulto, assim como o Batalhão de Guarda, a Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), a Companhia Independente de Policiamento com Cães e o 12º BPM. A frente do complexo foi interditada. Por volta das 19h45, o Choque saiu e a Polícia Militar vai passar a noite do lado de fora. Segundo Seres, por volta das 20h, os detentos já estavam recolhidos nos pavilhões e a situação sob controle.
O tumulto começou ao fim do horário de visita, após a saída das famílias. A briga teria sido entre detentos dos pavilhões "P" e "I", numa espécie de acerto de contas, de acordo com a Seres.
Protesto
Logo após a saída da visita, dezenas de mulheres, parentes e cônjuges de presos, ficaram revoltadas com a notícia de feridos dentro do Complexo. Elas fecharam a Avenida Liberdade em protesto, durante várias horas. A estudante Andreza Silva era uma das que gritava "assassinos" contra os policiais militares que isolam a frente do portão do Pjallb. "Eu tinha saído da visita já, estava na parada de ônibus quando ouvi tiros. Tentamos evitar a entrada de mais policiais no presídio, ficando na frente dos carros, quando eles lançaram spray de pimenta na minha cara", disse.
As mulheres ficaram preocupadas porque receberam a informação de que também teria havido uma morte. "Estava com meu filho quando a confusão começou. Saí de lá com balas sendo disparadas. Os agentes pegaram minha carteira de visitante e só me deram a minha identidade", disse a dona de casa Maria José da Conceição. Por volta das 19h30, a polícia dispersou o protesto, disparando balas de borracha.
Morte no sábado
O domingo havia começado tranquilo no Complexo. A visitação aos presos foi iniciada como de costume, às 7h, e por volta das 10h, praticamente todas as visitas já haviam entrado. No sábado (31), uma confusão causada pela demora para o início das visitas íntimas deixou um detento morto e quatro feridos. Ainda no sábado, o secretário Éden Vespaziano informou que será aberto um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do preso.
A vítima foi David Bezerra dos Santos, 20 anos, interno do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (Pjallb), que morreu ao dar entrada no Hospital Otávio de Freitas, na mesma região. A confusão do sábado começou quando, revoltadas com a demora para o início das visitas íntimas, muitas mulheres começaram a gritar e provocar tumulto na frente do portão do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, que faz parte do conjunto.
Emergência no sistema penitenciário
Na última quarta (28), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), declarou estado de emergência no sistema penitenciário e determinou intervenção do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que está com as obras paradas há cerca de um ano e meio. O decreto com as medidas foi publicado no Diário Oficial da sexta (30). Em nota, o Executivo Estadual destacou que “tais medidas se dão em face à atual situação de tensão vivenciada no sistema prisional”.
Na semana passada, o Complexo do Curado, maior de Pernambuco, registrou uma rebelião que durou três dias, deixando o saldo de três mortos e dezenas de feridos. Um sargento da PM foi assassinado durante o motim e um dos detentos foi decapitado. Os três presídios do Curado têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000.
G1 PE
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