De acordo com o biólogo da Codevasf, Yoshimi Sato, que esteve à frente da organização do catálogo, a publicação é reflexo da importante contribuição dada pela empresa, por meio do Centro Integrado de Três Marias, no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias de reprodução artificial e alevinagem de espécies nativas da bacia hidrográfica do São Francisco. “Podemos dizer, sem erro, que o centro tem proporcionado a maior gama de conhecimento sobre água e peixes do rio São Francisco”, completa o pesquisador.
Ao longo desse tempo, foram estabelecidas parcerias com mais de 30 instituições nacionais e estrangeiras, que envolveram cerca de 450 pessoas – entre estudantes, professores, pesquisadores e técnicos. Com isso, a Codevasf conseguiu ampliar as pesquisas em limnologia; ictiologia; alimentação e nutrição de peixes; manejo de peixes; taxonomia de peixes; estudos das lagoas marginais na região do alto e médio São Francisco, entre outros assuntos.
“Quando tiveram início as atividades da antiga Estação de Piscicultura de Três Marias – atual Centro Integrado –, havia o domínio de reprodução artificial de apenas duas espécies da bacia. Hoje, esse número chegou a 35. Isso é só um exemplo que demonstra por que a Codevasf é considerada uma referência nacional em ictiologia, limnologia e piscicultura”, reforça Yoshimi Sato.
Os exemplares do catálogo têm número limitado e serão distribuídos para universidades e demais parceiros da Companhia. Porém, os demais interessados em ter acesso à listagem da produção científica poderão fazer download do arquivo por meio do site: http://www.codevasf.gov.br/principal/publicacoes/publicacoes-atuais.
Centro é referência
A construção de grandes barragens ao longo do São Francisco, como a de Três Marias, em Minas Gerais, e Sobradinho, na Bahia, provocou o surgimento de obstáculos à migração reprodutiva dos peixes e restringiu acentuadamente as cheias à jusante dos reservatórios, reduzindo o enchimento das lagoas marginais que funcionam como berçários para dezenas de espécies de peixes, explica o chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, Leonardo Sampaio. “Como consequência, houve uma acentuada diminuição dos estoques pesqueiros e até do número de espécies de peixes existentes, causando o quase desaparecimento de algumas delas, como o pirá (Conorhynchos conirostris), o matrinxã (Brycon orthotaenia) e o pacamã (Lophiosilurus alexandri)”, aponta.
Em 1978, a Codevasf iniciou a instalação da Estação de Hidrobiologia e Piscicultura, em Três Marias (MG), objetivando a produção de alevinos para repovoamento e pesquisas hidrobiológicas e ictiológicas no sentido de desenvolver e aprimorar técnicas de aquicultura em grandes reservatórios d’água. “Até aquele ano nenhum trabalho de grande relevância sobre ictiologia e, particularmente, sobre a piscicultura no rio São Francisco havia sido realizado e a bibliografia sobre o assunto era escassa”, nota Sampaio.
A implantação da estação foi concluída em 1979, atendendo portaria da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe). O documento estabelecia medidas governamentais de proteção à fauna, e previa que o proprietário ou concessionário de represas em cursos d'água ficava obrigado a tomar medidas para minimizar os impactos ambientais causados à fauna aquática após a construção de barramentos, além de outras disposições legais.
Logo após sua implantação, o centro tornou-se importante espaço de execução de pesquisas em limnologia e ictiologia, principalmente na região do Alto São Francisco. Ele está instalado numa área de 18 hectares e é dotado de administração, laboratórios de limnologia e ictiologia, depósitos de materiais e ração, galpões de reprodução, larvicultura e alevinagem e 37 viveiros de piscicultura, com um espelho d’água de 2,54 hectares.
“A partir de outra vertente de trabalho – o desenvolvimento de tecnologias de reprodução artificial, larvicultura e alevinagem de peixes nativos na bacia do rio São Francisco —, o centro promove peixamentos com alevinos de espécies nativas do Velho Chico, garantindo o repovoamento do rio e a manutenção das espécies, bem como dos estoques pesqueiros, de modo a fomentar a piscicultura e fortalecer os Arranjos Produtivos Locais (APLs) de aquicultura”, assinala o chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura.
Hoje, o centro domina a tecnologia de reprodução artificial de 34 espécies de peixes de importância econômica e ecológica para a região, o que representa cerca de 20% do total das espécies do rio São Francisco. Inclusive, algumas que não eram mais encontradas no Alto São Francisco estão, aos poucos, começando a aparecer novamente nas redes dos pescadores, como é o caso do matrinxã. Além de Três Marias, Minas Gerais também possui o Centro Integrado de Gorutuba, localizado no município de Nova Porteirinha.
Saiba mais em Codevasf
Fonte: Codevasf
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.