"De alguma forma, é uma expressão das desigualdades no Brasil, e o Unicef reconhece que a situação das desigualdades está melhorando, mas essa é uma crise absoluta e inaceitável", disse Gary Stahl, representante do fundo no país. Para ele, "é inaceitável que um país com tantos avanços na área de direitos humanos não esteja conseguindo evitar as mortes desses meninos”. Segundo Stahl, o Brasil está diante de um problema complexo e urgente que “exige uma mobilização nacional".
O representante do Unicef ressaltou que o grande número de homicídios não solucionados agrava o problema. Para ele, isso dificulta a avaliação das políticas públicas adotadas pelo país. "Fica muito difícil saber se as políticas públicas estão no rumo certo."
Além de ser o segundo país em números absolutos, o Brasil tem a sexta maior taxa de homicídios entre adolescentes: "Entre 192 países, o Brasil é o segundo ou o sexto. Nem um nem outro é um lugar onde o Brasil quer estar", disse o representante do Unicef.
Gary Stahl afirmou que a violência vitimiza mais alguns grupos do que outros. Para ele, trata-se de uma “violação brutal e sistemática” dos direitos de crianças e adolescentes, especialmente negros que vivem na periferia das cidades.
O secretário nacional da Juventude, Gabriel Medina, ressaltou que os dados mostram que o caminho é o oposto do armamento da população e da redução da maioridade penal. Medina acrescentou que parte da sociedade encara os adolescentes como autores da violência, quando, muitas vezes, são as vítimas.
Segundo a pesquisa divulgada hoje, a o Índice de Homicídios de Adolescentes do Brasil atingiu o maior patamar da série histórica em 2012, com a projeção de que, de cada mil adolescentes que tinham 12 anos em 2012, 3,32 vão morrer assassinados antes de completar 19 anos. Com esse IHA, o país perderia 42 mil adolescentes entre 2013 e 2019 vítimas de assassinato.
Agência Brasil
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