Evento em Campina Grande, na sede do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), segue até sexta-feira (23)
A programação foi aberta com uma mesa composta pelo diretor do Insa, Ignacio Salcedo, Glória Araújo da coordenação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) e por Ricardo Padilha, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Ignacio Salcedo ressaltou que a proposta do Instituto é trabalhar fortemente unido com os movimentos sociais, partindo da união entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento dos agricultores.
Glória Batista destacou os acúmulos e conquistas da rede em seus 15 anos de existência, como a democratização do acesso à água, com um trabalho que vai além da construção de infraestruturas hídricas, que se conecta com as práticas e com o conhecimento dos agricultores, fortalecendo os processos de articulação territoriais existentes.
Já o representante da FAO lembrou que, para o órgão, 2014 foi o ano da agricultura familiar, e segundo ele, as iniciativas de fortalecimento desse modelo lançadas no ano passado, irão continuar.
Ricardo Padilha destacou ainda que 2015 é o ano dos solos, que também tem relação direta com o tema da construção da resiliência e com o combate à desertificação e que seminários como este têm um papel muito grande na articulação de atores e redes que atuam no enfrentamento aos afeitos das mudanças climáticas e à desertificação.
Painel
A mesa de abertura antecedeu o painel ‘Construção da resiliência agroecológica e reversão da desertificação no contexto de mudanças climáticas: experiências e aprendizados em regiões semiáridas’.
O painel contou com a participação dos convidados internacionais Clara Inés Nicholls, coordenadora geral da Rede Iberoamericana de Agroecologia para o Desenvolvimento de Sistemas Agrícolas Resilientes e Mudanças Climáticas (Redagres) e de Souleymane Cissé, representante da ONG senegalesa IED – Afrique (Inovação, Meio Ambiente e Desenvolvimento), além de Luciano Silveira, da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e da ASA.
Souleymane Cissé foi o primeiro a falar. Após a contextualização da região conhecida como Sahel, uma faixa de mais 5.000km de extensão, situada na África Subsaariana, entre o oceano Atlântico e o Mar Vermelho, passando por partes de países como Mali, Senegal, Níger, Chade, Mauritânia, Burkina Fasso, Gâmbia e Camarões. Segundo o senegalês, apesar da região ter um clima bastante vulnerável, de 80 a 90% da atividade agrícola é formada pela agricultura familiar, que é responsável por 60% da alimentação produzida.
Souleymane afirmou que as secas severas que a região enfrentou, principalmente entre os anos 60 e 90, foram responsáveis por uma degradação de 67% das terras. As mudanças climáticas também vêm afetando a estabilidade alimentar, em 2013 a desnutrição atingiu 16 milhões de pessoas e gerou prejuízos de 9 bilhões.
Para o convidado africano, comparando as realidades do seu país e do Brasil, ele considera que o contexto brasileiro é muito mais favorável para a agroecologia: “as pessoas e os governos compreendem melhor o significado da agroecologia e ela está mais bem estruturada enquanto sistema do que na África”, avalia.
Uma das semelhanças que ele identificou entre as duas regiões semiáridas foi que a agroecologia vem sendo desenvolvida e encarada como um movimento pelas redes de promoção. Souleymane apresentou em sua exposição um conjunto de experiências tradicionais que têm sido resgatadas pelas famílias agricultoras que têm tido uma excelente resposta aos problemas enfrentados, incluindo a redução do exôdo rural de jovens para países europeus.
O seminário internacional é uma iniciativa da ASA, do Insa e do Projeto Terra Forte e seus parceiros, cofinanciado pela União Europeia.
Leia o texto na íntegra.
Fonte: Instituto Nacional do Semiárido em Portal Brasil
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