A Feira de Comercialização de Produtos Orgânicos do Vale do São Francisco está em novo espaço, ampliada e com mais opções de produtos aos consumidores. Juntamente com o início do funcionamento do novo espaço, 50 produtores orgânicos do polo Juazeiro-Petrolina, na divisa da Bahia com Pernambuco, foram certificados com o selo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e 13 cartilhas voltadas para agricultores foram lançadas. Tudo isso se deu num esforço da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com parceiros locais, para disseminar e ampliar a adesão de produtores da região aos conceitos da produção orgânica de frutas e vegetais.
O chefe da Unidade Regional de Gestão de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf em Petrolina, Osnan Soares Ferreira, salientou que as certificações e a nova estrutura da Feira de Comercialização de Produtos Orgânicos do Vale do São Francisco integram mais uma etapa do processo de ampliação da produção orgânica na região, que começou há cerca de cinco anos com o apoio da instituição e parceiros. O próximo passo é estruturar um mercado próprio para a comercialização dos produtos.
Criada no final de 2010 com o apoio da 3ª Superintendência Regional da Codevasf, a feirinha orgânica que funcionava somente aos domingos, no pátio da feira do bairro Areia Branca, está agora no Parque Municipal Josefa Coelho, em Petrolina, todas as sextas-feiras, das 14h às 21h.
No mesmo dia de início do uso do novo espaço para a venda dos produtos orgânicos, 50 agricultores integrantes da Associação dos Produtores e Produtoras Rurais Orgânicos do Vale do São Francisco (Aprovasf) foram certificados com o selo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), depois de terem sido auditados por empresa especializada. O selo permite que o produtor comercialize frutas e hortaliças livres de produtos químicos e sem restrições de mercado.
Para a agricultora e presidente da Aprovasf, Ozaneide Gomes, o crescimento e a consolidação da produção orgânica na região do vale do São Francisco não seria possível sem o apoio da Codevasf, junto com os parceiros envolvidos, como o Ministério Público, a Prefeitura, o Sebrae e a empresa de assistência técnica responsável por capacitar e orientar os agricultores que desejam produzir sem o uso de agrotóxicos.
“Se a gente não tivesse esses parceiros não teríamos condição de avançar com a produção orgânica em nossa região. Uma cerificação dessas não é barata. Temos produtores em estágio mais avançado, mas temos os pequenos produtores dos assentamentos, por isso temos certeza que essa parceria da Codevasf tem sido fundamental para a consolidação de nossa atividade”, registrou a presidente da associação.
Ela explica que o papel da Aprovasf é organizar os produtores e fazer a ponte entre os parceiros e os agricultores e ajudar no crescimento da agricultura orgânica no mercado regional. “O nosso objetivo é ter uma agricultura orgânica cada vez mais fortalecida, e a Codevasf tem sido essencial nesse processo que colocou em prática a atividade, e nos incentiva ainda mais”, acrescentou.
Qualidade e preço acessível
“Os produtores estão saindo da feira da Areia Branca e ficando permanentemente no Parque Josefa Coelho até a construção do Mercado Orgânico pela Codevasf e Prefeitura. Acreditamos que em 2015 ele seja construído, mas é importante que as pessoas venham conferir já agora a qualidade das frutas e hortaliças vendidas na feirinha. Que a população possa vir para ver que existem produtos sem agrotóxicos com qualidade e com preço bem acessível encontrados perto deles”, destacou o engenheiro Osnan Soares Ferreira, da Codevasf.
Ele revela que já são mais de 60 produtores inscritos na atividade e que outros estão entrando no processo. “A gente acredita que cada vez mais produtores deverão nos procurar para participar do projeto. A nossa intenção é certificar, a cada semestre, 50 novos produtores com o selo de produção orgânica”, disse.
Osnan Ferreira acrescentou que a Codevasf tem atuado diretamente no fortalecimento da agricultura orgânica em toda a região do Vale do São Francisco. A ação visa ainda fazer com que o mercado consumidor regional saiba que, na maior região irrigada do País, existem frutas e verduras produzidas sem química alguma e comercializadas pelo mesmo preço do produto convencional.
“O mais importante é que as pessoas saibam que isso está à disposição delas, que temos hortifruti sem agrotóxico à disposição do consumidor no mesmo preço dos correlatos. Então a feira não fica mais cara, fica mais barata, porque produtos químicos são caros”, alertou a promotora do Meio Ambiente de Petrolina, Ana Rúbia Carvalho, que disse estar “imensamente feliz” com a ampliação da feira orgânica idealizada pela Codevasf e por produtores da região.
“Esta é uma luta de uma série de instituições, mas especialmente dos agricultores orgânicos que são reunidos pelo Codevasf e pela Plantec. Eles são acompanhados, certificados. É uma vitória daqueles que acreditam que podem oferecer aos nossos catingueiros alimentos de qualidade, sem agrotóxico, sem química”, assinalou Ana Rúbia.
“Na feira da Areia Branca, estamos há quatro anos. Agora trabalhamos para ter o nosso Mercado Orgânico, com recursos de emenda parlamentar para a Codevasf e que a Prefeitura conceberá o projeto. A ideia é que tenhamos um local próprio para a comercialização de todos os produtos orgânicos feitos aqui no vale”, lembrou a promotora pública. Os recursos previstos para a implantação do Mercado de Orgânico do Vale do São Francisco estão orçados em R$ 1,2 milhão.
Produtos mais saudáveis
O novo espaço da feirinha orgânica ganhou elogios dos parceiros do projeto, mas ainda mais dos que plantam e vendem os produtos, como o produtor João Soares, um dos certificados durante inauguração da nova área da feira.
“É importante a certificação porque a gente luta para ter produtos mais saudáveis. Vemos o agrotóxico causando muita coisa ruim, prejudicando a saúde das pessoas, então a gente luta para diminuir isso aqui no vale do São Francisco. A gente só espera que as pessoas saibam a diferença entre o orgânico e o convencional, sem falar que os preços são os mesmos. Nossos preços só mudam a cada ano”, afirmou o produtor, que aderiu à produção orgânica em 1987.
Terezinha Maria de Souza Macedo, que possui lote na área Maria Tereza do perímetro Nilo Coelho, frisou que a cada avanço do grupo que planta alimentos orgânicos em Petrolina e região mais uma etapa do sonho é realizado. “Foram muitos anos até formar esta feira. Eu e meu esposo começamos. Depois mais gente veio junto. Espero que as pessoas apareçam para saborear o verdadeiro sabor da vida. Eu me sinto realizada e espero que mais gente venha integrar a nossa atividade”, disse a agricultora.
Estrutura produtiva preservada
O engenheiro agrônomo Francisco Germino, responsável pela assistência técnica contratada pela Codevasf para capacitar os produtores, acredita também no crescimento da agricultura orgânica com perspectivas bastante promissoras.
"Em 2005 e 2006 encontramos produtores descapitalizados, endividados por conta de autorização desse processo produtivo fundamentado no uso do agroquímico; por isso tem sido fácil levar a utilização dessa tecnologia, pois diminui os custos consideravelmente e vai favorecer também o processo produtivo. Os ganhos já ficam na sua propriedade. Esse tem sido o nosso chamado”, diz.
O engenheiro reforça que o mais importante é lembrar que as pessoas estarão livres do agrotóxico com estrutura produtiva preservada. “O meio ambiente também ganha com a mudança de conceito produtivo e quem agradece é o consumidor, que adquire produtos livres de química”, destacou Francisco Germino, lembrando que a transição da produção convencional para a orgânica dura, em média, dois anos.
Cartilhas
Durante a entrega da nova feira de orgânicos do Vale do São Francisco foram lançadas 13 cartilhas escritas pelo engenheiro agrônomo Jairton Fraga, professor do curso de Agronomia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), campus Juazeiro. Segundo Jairton, o objetivo das cartilhas é mostrar, numa linguagem de fácil assimilação pelos produtores, com ilustrações, que não é difícil praticar a agricultura orgânica.
“São títulos de agroecologia e de meio ambiente numa linguagem bem acessível para atingir o nosso fim, que é o agricultor. Depois, claro, ele vai atingir um nível maior de aprofundamento, com cursos de aprimoramento; mas, neste momento, essas 13 cartilhas vão dar uma visão muito importante ao agricultor e agricultora orgânicos para saber como começar a produzir alimentos agroecológicos”, explicou o professor.
Fonte: Codevasf
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