“Foi uma alegria. Ele disse: mãe a senhora não acredita. Eu disse, parabéns. E pronto, não conseguimos nos dizer mais nada”, diz a mãe, Dourizan de Sales Santos, emocionada. Caso consiga uma vaga em uma faculdade, Luis Henrique será o primeiro da família a entrar no ensino superior. Ele já havia conseguido uma vaga no Instituto Federal do Maranhão (Ifma) para técnico em mecânica.
O sonho era, no entanto, entrar no ensino superior e, para isso, fazer o Enem. Ele terminou o ensino médio em 2013, se inscreveu no exame, mas não conseguiu fazer a prova porque havia esquecido a identidade em um stand onde fez a inscrição para o vestibular da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). “Pense numa pessoa que chorou. Ele queria muito fazer o Enem. Mas esse ano acabou o sofrimento”, conta o pai, Luis Carlos Magalhães Santos.
A família mora em Garapa, região da periferia da capital maranhense São Luís. Luis Henrique sempre estudou em escola pública. O pai conta que no ensino fundamental o rapaz sofreu preconceito por parte dos outros alunos. “Ele sempre quis provar que pode. No ensino fundamental teve a questão da discriminação, pelo jeito de falar, de andar. Sempre disse para ele que iria e ainda vai passar por esses momentos, mas que ele pode fazer qualquer coisa que quiser”, diz o pai. O esforço lhe rendeu uma vaga no Colégio de Aplicação da Ufma, o Colégio Universitário, onde cursou o ensino médio.
Agora, o que Luis Henrique quer é cursar engenharia da computação na instituição de ensino superior. Ele espera o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que será divulgado nesta segunda-feira (26). “Estou feliz [com o resultado no Enem] foi muito estudo. Eu escolhi o curso porque é o que eu gosto, o que sempre gostei”, diz o estudante.
Para ele, o segredo de ter tirado nota mil foi ter estudado e aplicado as regras do Enem, que eram discutidas em sala pelos professores do cursinho, além de praticar. “Eu acho que o diferencial foi ter abordado os dois lados, tanto a pessoa que emite o anúncio quanto quem recebe, que são as crianças”, diz. O tema da redação foi Publicidade Infantil, assunto em questão no Brasil.
O diretor do curso preparatório Wellington, Carlos Wellington de Castro, disse que o aluno é motivo de orgulho. “Só dois alunos tiraram a nota máxima no estado”, ressalta. Ele era um dos estudantes beneficiados pelas vagas reservadas no cursinho para ex-alunos de escolas públicas, a preços acessíveis. “Almoçava e ficava ininterruptamente estudando”, conta.
Os estudos sem fim não davam descanso a mãe. Dourizan diz que ficava muito preocupada com a alimentação do filho, que esquecia de comer enquanto estudava. “Eu tinha que fazer lanche, levar para ele”. Agora, ele pode descansar um pouco, andar de bicicleta e comer um prato de macarronada com tranquilidade, prato e atividade preferidos segundo a mãe.
Agência Brasil
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