O horror sempre paira sobre o mundo. Cabe aos homens livres trazer a luz, decidindo o que fazer e o que não fazer; o que dizer e o que não dizer; o que ouvir e o que não ouvir; também o que olhar e o que não olhar. Fugir não adianta: a realidade é mais rápida do que nós e nos obriga a escolher todas as vezes.
A decapitação de James Foley, recitada como a cena de um filme, é chocante: atores desajeitados, horror de verdade. Um jornalista de 40 anos, ensacado em uma roupa laranja, abatido no deserto por um homem – definição que não merece – vestido de preto. Gesto monstruoso e pré-histórico; instrumentos sofisticados e novos. Cores, luz, enquadramento, movimentos, tempos: tudo parece estudado para ser visto e divulgado. Se esse fosse o caso – e assim o é, quase certamente – por que ajudar os carnífices? Já lhe fornecemos a tecnologia. Queremos nos tornar os seu porta-vozes?
A reportagem é de Beppe Severgnini, publicada no jornal
Corriere della Sera, 21-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Essa é a pergunta feita por muitos nestas horas: os governos ocidentais, os controladores da rede (Google pelo YouTube, Twitter), as grandes publicações, as televisões, qualquer pessoa que tenha uma conexão de internet rápida. #ISISMediaBlackout tornou-se viral.
A declaração diz o seguinte: "Quando terroristas ou criminosos de guerra desesperadamente publicizam os seus crimes, não os ajudem. Quando as mídias sociais, jornalistas e observadores compartilham imagens macabras para relatar os fatos fazem um trabalho de relações públicas para eles. Descrevam os seus crimes, não publiquem a sua propaganda".
Muitos aderiram, outros protestaram: em nome da liberdade. Liberdade absoluta de saber, de ver, de se expressar, de decidir. Quem tem razão?