Chegada à praia do Sobrado, o ipê rosa florido nos espera
Aula nas alturas do Sobrado
Profª Niedja Batista (de boné branco) e seus alunos
Vista atual da praia do Sobrado
O ônibus quebrou no início da viagem de retorno
Retorno para casa na carroceria do caminhão de Messias
No domingo passado (17), estivemos no Sítio Sobrado, onde estão localizadas a bela praia do Sobrado e o Sítio Arqueológico Letreiro do Sobrado, na zona rural de Petrolândia, no Sertão de Pernambuco. Acompanhamos a visita de alunos do curso de Técnico em Segurança no Trabalho (Pronatec-IF Sertão CR Petrolândia) à localidade para aula de aspectos ambientais e históricos de Petrolândia, em passeio organizado pela Profª Niedja Batista, com apoio da diretoria da ABAMA-Associação dos Beneficiários do Projeto de Assentamento Dr. Miguel Arraes, do Sítio Sobrado.
A primeira parada do grupo foi no local onde deverá ser construído o assentamento da ABAMA-Associação dos Beneficiários do Projeto de Assentamento Dr. Miguel Arraes, próximo à praia do Sobrado. Tendo em vista a lentidão do INCRA em concluir a construção das casas, alguns benefíciários do projeto decidiram erguer, por conta própria, moradia no local, tomando posse dos lotes a que têm direito. No futuro assentamento, onde o material de construção está abandonado, os estudantes pesquisaram os aspectos históricos e ambientais da região.
As chuvas que caíram há alguns dias fizeram a caatinga florescer, tornando a viagem também um registro da exuberância de nosso bioma nativo. Além da fauna rejuvenescida pelas chuvas, pudemos também verificar o processo de erosão em avanço naquela região, sinal de que a desertificação poderá chegar ao Sítio Sobrado, um dos lugares mais belos de Petrolândia, cartão postal e potencial ponto turístico do município.
Após a atividade, nosso destino foi a praia do Sobrado e Sítio Arqueológico Letreiro do Sobrado. À chegada, duas coisas nos impressionaram. A primeira foi a imagem do ipê rosa enfeitado de flores e ninhos, as flores cobrindo o chão. Esta é a árvore sob a qual geralmente é montado o ponto de apoio quando visitamos o local. Retribuímos a gentil acolhida com a limpeza da área em seu redor, onde visitantes costumam "esquecer" o lixo que levam para lá.
A segunda coisa, já esperada, foi a escassez da água. Na praia do Sobrado, a linha da água está ainda mais distante do que no mês de março deste ano, em nossa visita anterior. Esqueletos de árvores mortas há mais de duas décadas estão aparentes. Onde havia larga faixa de águas transparentes sobre a areia fina, restou a sombra esverdeada das algas. Custa acreditar que, há três anos, lá estivemos pela primeira vez e conhecemos um mar de águas límpidas no rio São Francisco. Agora, encontramos dunas. A água do lago da Represa de Itaparica está minguando com a continuidade da redução da vazão das represas da região, autorizada sucessivamente pela ANA (Agência Nacional de Águas). A situação ainda não é crítica como nas cidades a jusante da represa de Três Marias, em MG. Mas, para nós, que um dia já vimos um rio caudaloso e furioso atravessar nossa cidade, é assustador pisar no fundo deste lago e pensar que ele pode secar, que podemos ficar sem mel nem cabaça: sem rio e sem lago.
Paula Francinete, irmã deste blogueiro, também participou do passeio, acompanhando a avó Expedita, a mãe Elita e o pai Toinho. Surpresa com o recuo das águas após sua visita anterior ao Sobrado, em 2012, ela citou o Frade Capuchinho das Santas Missões. "Frei Damião disse que um dia seria preciso tirar água do rio (São Francisco) de cacimba (aberta no leito do rio). Eu não vou ver isso, nem você, mas nossos netos vão", disse ela.
Os alunos da Profª Niedja, que também é membro da ARBio, lembraram a passagem da Campanha em Defesa pelo Velho Chico, promovida pela CBHSF para marcar o Dia Nacional de Defesa do Velho Chico, comemorado em 03 de junho.
Após o almoço e pausa para diversão, levantamos acampamento para voltar a Petrolândia, por volta das 15 horas. Porém, a aventura que julgávamos encerrada, estava apenas começando. O ônibus escolar cedido pela Prefeitura de Petrolândia literalmente "empacou" no meio da estrada, com as rodas travadas, poucos minutos depois de deixarmos o Sobrado. Felizmente alguns celulares conseguiram sinal para pedir ajuda. O presidente da ABAMA, Juracy da Cruz, fez o que pôde com as ferramentas que conseguiu emprestadas, mas o veículo não saiu do local.
Após muito tempo de tentativas de conserto, que não chegaram à solução do defeito, a decisão foi procurar outro meio para retorno à cidade. Com o ônibus no meio da estrada a impedir o trânsito de veículos maiores, o 'acostamento' foi ampliado a foiçadas para dar passagem ao caminhão de Messias, que também seguia para Petrolândia e solidariamente concordou em dar carona ao grande grupo.
Entramos na cidade às 17h30. A viagem na carroceria do caminhão foi apreciada por todos com bom humor. Não é todo dia que se pode apreciar um passeio ao Sobrado e, de bônus, ver o sol poente sobre os coqueirais do Projeto Apolônio Sales.