Escola do Rio Grande do Norte recupera o que seria descartado para produzir próteses que ajudam na locomoção de portadores de necessidades especiais
Com um projeto que mobiliza os alunos e a comunidade para o descarte responsável de lixo eletrônico e criação de próteses para ajudar portadores de necessidades especiais, a Escola Estadual Tristão de Barros, de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, conquistou o prêmio “Respostas para o amanhã”, promovido pela empresa de tecnologia Samsung. A escola vai receber equipamentos para implantação de sala interativa com dispositivos eletrônicos como tablets, lousas eletrônicas e conexão de internet, além de entrar em programa para a formação de educadores.
Nesta primeira edição, que teve 360 projetos inscritos, os participantes do “Respostas para o amanhã” tinham que responder à pergunta “Como a matemática e a ciência podem melhorar a sua comunidade?”. A vitória da escola do Rio Grande do Norte foi anunciada em evento realizado nesta segunda-feira, 8, no Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo.
Para Elba Alves da Silva, diretora da escola, a conquista mostra como a Tristão de Barros tomou o caminho certo ao colocar inovação dentro de seu plano pedagógico, obedecendo um dos preceitos do programa Ensino Médio Inovador, do MEC (Ministério da Educação). “O que a Samsung propôs é o que a gente trabalha na escola e os conteúdos científicos são dados a partir de uma problematização”, diz. Para Elba, “quando se trata o currículo de forma inovadora, dá autonomia e considera o perfil do jovem de hoje, você recebe este tipo de resposta”, completa. Há quatro anos, muito antes de pensar no projeto, a escola já mobilizava alunos para recolher lixo eletrônico em parceria com lojas da cidade, mas a destinação correta dependia de um terceiro que vinha de Natal.
A partir deste momento, entraram em cena os alunos do terceiro ano do ensino médio capitaneados pelo professor de física Ivanês Oliveira. Como meio de fechar o ciclo da reciclagem, grupos começaram a desmontar aparelhos e aproveitá-los nas aulas de eletrostática e eletrônica, que ganharam uma nova dinâmica. “Na escola, temos o AEE (Atendimento Educacional Especializado). que tem a participação de portadores de deficiência. Veio então aquela lampadazinha dizendo ‘Por que não fazer um projeto para ajudar?’ Começamos a trabalhar com a ajuda da sociedade dois projetos básicos: uma cadeira motorizada feita com peças reutilizadas e uma bengala com sensores [tirados de para-choques de carros] que acionam uma pulseira vibratória e ajudam um deficiente visual diante de obstáculo”, conta.
Segundo o professor, o material que não pode ser aproveitado em sala de aula é vendido na capital e o dinheiro obtido é destinado à confecção de uma cartilha que orienta a população sobre postos de coleta. “Não tem nada de complexo e partiu de um problema que foi resolvido pelos alunos junto com o professor”, explica.
Pelo lado dos estudantes, a oportunidade para elaboração de um projeto também é reconhecida como fator de mudança de postura diante da disciplina que muitas vezes chega a ser criticada por ser distante da realidade. “A escola toda se empenha e graças às pesquisas junto com o professor a gente vai melhorando cada vez mais”, diz Bruno Oliveira, ao lado do xará, Bruno Rodrigues, um entusiasmado com projetos de astronomia: “Eu comecei a ver que esse tipo de atividade realmente incentiva o aluno a buscar conhecimento e, nesse ano, já passei no terceiro bimestre”.
Júri popular
O voto de internautas deu o troféu “Prática Educativa Vencedora pelo Júri Popular” à Escola de Ensino Médio Murilo Braga, de Martinópole, no Ceará, que desenvolveu um projeto de um “ecofiltro”. O produto foi criado a partir do pecíolo da folha da carnaúba, uma planta nativa da região, para tratar a água de forma barata e eficiente. Fonte: Porvir em Envolverde
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