O pequeno Pedro Viana, de apenas oito anos, tem um costume que poucos adultos cultivam: ouvir música instrumental nas horas vagas. Sua irmã Quésia, de onze, é fã incondicional dos Beatles. Os dois ocupam suas horas livres, antes ociosas, aprendendo música na Escola de Música Joaquim Belarmino Duarte, em Arcoverde, Sertão Pernambucano.
Eles integram o Projeto “Músicos do Futuro”, idealizado e coordenado pelo Maestro Ronaldo Bezerra de Carvalho há 10 anos. O Projeto beneficia 110 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Arcoverde e da empresa BPM Serviços, que atua no ramo de transporte. SESC, Rotary Club, Projeto Mesa Brasil e Retífica Arcoverde foram outros parceiros que apostaram na iniciativa.
As aulas acontecem no contra turno da escola regular. Se a criança estuda de manhã, aprende música à tarde e vice-versa. Os horários das aulas vão de 7h30 às 11h e das 13h30 às 17h30. Os alunos vivenciam cinco módulos: canto coral orfeônico (para estimular a socialização); leitura rítmica e flauta doce; leitura e solfejo (formação de grupos de flauta); iniciação ao violino e instrumento de sopro; e, por fim, a apresentação com a filarmônica da Escola.
No quinto módulo, quando passam a integrar a orquestra, os alunos tornam-se monitores e passam a receber uma ajuda de custo mensal que varia de 100 a 300 Reais. O empresário Anchieta Mascena, proprietário da BPM Serviços, apostou na ideia e se emociona toda vez que assiste as apresentações dos alunos. “É muito gratificante poder ajudar um projeto como esse. Ver que podemos contribuir com mudanças na vida de tanta gente, revelar e patrocinar talentos que, de outra forma, se perderiam nos descaminhos da vida,” avaliou o empresário natural de Afogados da Ingazeira.
O Maestro Ronaldo Bezerra de Carvalho foi aluno da escola e fundador da Associação de Músicos de Sopro de Arcoverde (AMUSA). Está há 18 anos na regência da orquestra filarmônica. Segundo ele, muitos talentos já foram revelados pelo projeto. “Temos alunos que saíram daqui direto para grandes orquestras ou bandas. Temos ex-alunos tocando na Orquestra Super Oara, em bandas como Aviões do Forró, Magníficos, Noda de Caju. Crianças que estudaram conosco, se profissionalizaram, e hoje vivem da música,” afirmou o Maestro Ronaldo.
Além da possibilidade de profissionalização e geração de renda, o Projeto “Músicos do Futuro” também tem possibilitado uma melhoria no aprendizado das crianças. Dona Verônica Viana tem 40 anos de idade e é mãe das duas crianças citadas no início da matéria. Segundo ela, a música tem mudado as crianças. “Hoje eles são mais atenciosos, concentrados no que fazem e tem mais disciplina na realização das tarefas diárias. Até as notas na escola melhoraram,” afirma Dona Verônica.
Prefeitura de Afogados da Ingazeira/Núcleo de Comunicação Social
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