quarta-feira, dezembro 17, 2014

Chuvas de dezembro recuperam caatinga nos trechos afetados pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

Modelo de restauração do bioma começa a ser aplicado em Cabrobó (PE) por equipe da Universidade do Vale do São Francisco

Biólogos do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) implantam experimentos para os trabalhos de recuperação da caatinga nos trechos afetados pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

Com a chegada da temporada de chuvas, a equipe coloca em prática modelos experimentais de recuperação no município de Cabrobó (PE). Dois canteiros de obras já receberam viveiros de mudas, que servirão de base para os trabalhos de recuperação.

O objetivo é criar um sistema eficiente, de baixo custo e simples, que possa ser replicado ao longo da construção.

Cabrobó é o local ideal para iniciar o processo em razão do cronograma de conclusão do projeto - no município, a construção já se encontra em fase final de testes. O trabalho servirá de base para recuperações da caatinga em direção ao interior de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Monitoramento

O trabalho dos biólogos do Nema começou em 2008, com o monitoramento da flora local e o resgate de germoplasmas (sementes, estacas e plantas vivas que formam um banco genético da vegetação nativa). Os pesquisadores registravam as espécies, a interação entre elas e marcavam árvores adultas saudáveis capazes de se tornarem matrizes dessa fonte de variabilidade genética.

"Árvores da caatinga são espécies que já superaram várias secas e nós buscamos, preferencialmente, as sementes dessas plantas", explica o coordenador do núcleo, Renato Garcia Rodrigues.

Desde então, as sementes são submetidas a beneficiamento (limpeza e polimento) e acondicionadas em uma câmara fria, para formar um banco de reservas na Univasf. Já as plantas vivas e as estacas são transferidas para os viveiros de mudas dos canteiros de obras do projeto. Essas mudas são colocadas em covas, em terreno com a topografia moldada de forma a acumular água.

As espécies nativas que vão recuperar a área afetada foram selecionadas com respeito às ocorrências e simbiose verificadas na natureza, além de estratégias para atrair polinizadores e afastar inimigos naturais – como o bode, criado de forma extensiva na região.

Esse é apenas o começo do trabalho dos biólogos, que continuará após a conclusão das obras do Projeto de Integração do São Francisco. “A recuperação de uma mata nativa é um projeto de longo prazo, mesmo com nosso apoio para acelerar a ação da natureza”, diz Rodrigues.

O projeto

Orçado em R$ 8,2 bilhões, o Projeto de Integração do Rio São Francisco prevê recursos de quase R$ 1 bilhão (quase 12% do total) para programas básicos ambientais, em conformidade com as condicionantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Trata-se do mais significativo volume de investimentos nas questões socioambientais e arqueológicas do semiárido setentrional. As ações desenvolvidas pelos 38 programas ambientais do projeto possibilitam o conhecimento aprofundado do bioma caatinga, não só no âmbito da fauna e da flora, mas também em diversos aspectos econômico-sociais, arqueológicos e na melhoria de condições de vida de comunidades indígenas e quilombolas na área de impacto do projeto.

O projeto é a mais relevante iniciativa do governo federal dentro Política Nacional de Recursos Hídricos. O objetivo é garantir a segurança hídrica para 390 municípios no Nordeste Setentrional, onde a estiagem ocorre frequentemente, beneficiando mais de 12 milhões de habitantes.

Fonte: Ministério da Integração

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