A gravação aconteceu no dia 14 deste mês e a locação foi o assentamento Tracutinga (conhecido como Conquista na Fronteira), localizado no município catarinense Dionísio Cerqueira, no extremo oeste do estado.
O protagonista do filme, que é focado no público jovem, interpreta um assentado da reforma agrária de 18 anos de idade. Na história, Murilo, nascido e criado no assentamento, envolve-se com Ana, que vive na zona urbana de uma pequena cidade de fronteira. Ambos dividem a paixão pela música e partem para uma viagem rumo a Florianópolis, num roteiro que aborda diversos conflitos presentes no meio rural, mas de forma leve, no formato road movie.
“São questões inéditas no cinema jovem brasileiro: o viver na fronteira, em uma região que a maioria dos brasileiros desconhece, a reforma agrária e a luta pela terra e, ainda, o ser jovem dentro desse contexto”, explica Márcia Paraíso, diretora do filme.
Segundo Márcia Paraíso, um dos desafios do projeto é mostrar a reforma agrária de dentro para fora, com uma visão humanizada. “ O resultado está sendo incrível. Muitos da equipe confessaram que, até a realização do filme, tinham uma imagem equivocada sobre a questão agrária, então a intenção da quebra de preconceito com o filme já se iniciou com eles próprios, que a partir dessa experiência serão multiplicadores desse novo olhar, dessa vez com conceito”, comemora.
Por trás das câmeras
Durante os dois dias de filmagem no assentamento, a equipe se adequou à rotina do campo, coletando as imagens no momento em que realmente estavam acontecendo e dividindo as refeições e os momentos de descanso com a comunidade. No local, foram gravadas cenas externas nas estradas do assentamento, na roça de feijão, entre outras, e também no ambiente interno do Aviário das Artes, espaço criado este ano por alunos do curso de especialização/residência agrária em Arte no Campo.
Mesmo acostumados a receber visitas por viverem em um assentamento modelo, onde tudo se dá de forma coletiva, os assentados de Dionísio Cerqueira viveram momentos diferenciados com as gravações. As jovens Elizandra, Milena, Thalia Angélica e Karise acompanharam tudo, curiosas com os movimentos de câmera, captação do som e atuação dos atores, revelaram que "agora tinham uma noção do que é fazer um filme".
Já Cezar Brizola da Silva Gonçalves, membro do conselho social e político do assentamento, viu a experiência com outros olhos. “Acho importante mostrar na tela do cinema que nós temos muita coisa boa para acrescentar à sociedade, porque isso muitas vezes não é o que é mostrado na mídia”, defende Gonçalves.
INCRA
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