No Brasil, existem 3 usinas nucleares [duas em operação e uma em construção] em Angra dos Reis. Os impactos ambientais decorrentes do aquecimento de água são comuns com os impactos gerados pelas termelétricas. A usina Angra II devolve a água do mar 60°C mais quente do que a temperatura ambiente.
A fissão do urânio, usada para produzir o calor que movimenta as pás do dínamo, deixa subprodutos perigosos para o manejo, pois são radioativos como o plutônio, um elemento químico extremamente perigoso para a saúde humana, que tem que ser manipulado com extremo cuidado e conhecimento.
Em Angra dos Reis, nas instalações da Eletronuclear, os principais rejeitos são os materiais combustíveis que são introduzido no reator. São pastilhas de dióxido de urânio usadas na reação de fissão. Este rejeito é o mais perigoso.
Depois de usadas, as pastilhas combustíveis são mantidas em um reservatório dentro do prédio do reator, em latões especiais de chumbo. A água do reservatório é de um tipo especial, conhecida como água pesada e tem como características absorver a radioatividade que escape do chumbo. A água pesada é um tipo de água em que alguns átomos de hidrogênio possuem, em seu núcleo, um próton e um nêutron. É indicada para proteger materiais radioativos.
O segundo tipo de material radioativo são os uniformes, luvas e capacetes usados pelos funcionários da usina dentro do prédio do reator. Estes materiais possuem baixa radioatividade, e são mantidos dentro de uma sala especial. São reutilizados depois de alguns anos, por terem perdido a radioatividade.
A humanidade passou por uma fase onde os movimentos ambientalistas tiveram um papel fundamental na supressão de boa parte da geração nuclear. Os acidentes como Three Mila Island na Pensilvânia e Chernobyl na União Soviética também contribuíram para a disseminação de uma repulsa pela geração nuclear. Em 1979 em Three Mile Island na Pensilvânia nos Estados Unidos, um reator atômico avariado da usina de Three Mile Island descarregou no ar gás radiativo e provocou a retirada de 300 mil pessoas de suas casas.
Em 1986, em Chernobyl na Rússia houve uma explosão de um dos quatro reatores de uma usina nuclear, lançando na atmosfera uma nuvem radioativa. A incidência de câncer aumentou bruscamente em Bielorússia, Ucrânia e Rússia. Entre 1990 e 2000, houve um aumento de 40% em todos os cânceres na Bielorrússia com um aumento de 52%. Na Ucrânia, houve um aumento de 12% e a morbidade aumentou quase três vezes.
A incidência de câncer cresceu 2,7 vezes. Cerca de 7 mil cânceres de tireoide a mais foram identificados até 2004. Estima-se que entre 14 mil e 32 mil cânceres adicionais de tireoide aconteçam em 70 anos. Para a Ucrânia, cerca de 24 mil cânceres de tireoide são esperados, muitos fatais. Esse aumento dramático de câncer de tireoide não era esperado. Após o acidente, aguardava-se apenas um pequeno aumento. Esses casos de câncer são extremamente agressivos. Com um pequeno período de latência e uma proliferação para além da tireoide em quase 50% dos pacientes, forçam cirurgiões a conduzirem repetidas operações para remover metástases residuais.
Atualmente, em função das dificuldades de obtenção de energia e em razão dos altos preços do barril de petróleo a geração de energia a partir das usinas atômicas tem sido reavaliada. É necessário muito mais segurança, mas há uma certa concepção de que a humanidade não pode prescindir desta fonte energética que não produz gases de efeito estufa. Mas com muitíssima maior preocupação com a segurança.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: Portal EcoDebate
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