Qualquer som e a pessoa acha que o celular está tocando, enquanto no trânsito mal consegue dirigir, pois tem que dividir a atenção das buzinas com as redes sociais. Nos bares e restaurante desiste de comer e conversar com os amigos do lado para poder dar uma olhada no Instagram, Facebook e WhatsApp. Na escola ou no trabalho, o aparelho virou sinônimo de problema e atraso em afazeres diários. Só o fato de imaginar ter que ficar sem o aparelho chega a causar um frio na espinha.
Os relatos acima se assemelham aos de um dependente químico, porém apenas elucidam alguns dos sintomas dos dependentes dos smarthphones e outros dispositivos móveis.
De acordo com a pesquisa “Radar Jovem” realizada com brasileiros entre 18 e 25 anos, ao longo de um ano e meio, concluiu que os jovens passam, em média, seis horas diárias nas redes sociais por meio dos dispositivos móveis.
Henrique Duarte, de 24 anos, é estudante de engenharia na Capital. Ele conta que não consegue se desgrudar do aparelho e que chega a dormir com ele sob o travesseiro para poder responder as mensagens instantâneas. O jovem relatou que percebeu que o uso das mídias sócias estava atrapalhando a sua vida quando começou a receber broncas constantes no trabalho e na faculdade.
Segundo a professora de Pedagogia da Universidade de Cuiabá (UNIC), Daniela Coelho, esta prática pode ser considerada temerosa, a partir do momento em que o hábito de acessar as mídias sociais começa a atrapalhar o trabalho, estudos e até mesmo afetar os relacionamentos. Em alguns casos, a pessoa precisa de auxílio especializado para combater o vício.
“A pessoa que sente uma necessidade incontrolável de postar nas redes sociais sobre o que faz, com quem, aonde e quando, é um caso que precisa de atenção, assim como aquela pessoa que precisa saber da vida alheia para se autoafirmar. Hoje, as pessoas estão perdendo a noção de privacidade em busca da autoafirmação, resultado das relações de uma sociedade consumista e superficial”.
A pequena E.R, de apenas 13 anos, já tem um tablete e um smarthphone. Ela usa os aparelhos para brincar, desenhar e poder conversar com os amigos da escola e familiares que moram longe. Apesar de não gostar, ela contou que os pais colocaram um limite de duas horas por dia com os aparelhos. “Se deixar, ela passa o dia todo em frente ao tablet. Não quer saber de comer, estudar ou brincar com as colegas do condomínio”, afirmou a mãe.
A pedagoga ressaltou que é muito importante que os pais tenham cuidado com o que os filhos postam nas redes sociais, pois com a internet todo cuidado é pouco. “Existem grupos especializados em monitorar páginas que tenham fotos de crianças, adolescentes e mulheres, com vistas à pedofilia, tráfico de crianças, de órgãos e, também, de redes de prostituição”.
CUIDADOS - O cuidado para que vídeos, fotos e conversas íntimas não vazem é a única precaução que os jovens devem ter dentro das mídias sociais. Para a educadora, os jovens costumam ser mais influenciáveis por uma série de fatores, que vão desde o fato de estarem em uma fase de transição (infância-adolescência-vida adulta) até serem provenientes de famílias desestruturaras emocionalmente.
“Um jovem que tenha problemas de autoestima ou que venha de uma família pouco afetiva será mais suscetível a querer se autoafirmar perante este novo arranjo social, sentindo a necessidade ou até prazer em se expor nas redes sociais, mostrando o corpo ou se expondo emocionalmente, sem ter a noção de que nem sempre o outro entenderá de modo saudável o que foi postado”.
Fonte: Diário de Cuiabá
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