Antes de abrir a reunião administrativa desta quarta-feira, os líderes partidários que compõem a CPI mista se reuniram a portas fechadas por cerca uma hora e meia para fechar o acordo. Dos 497 requerimentos que estavam pauta, eles decidiram aprovar apenas os que não enfrentariam resistência por parte de nenhum partido.
Os requerimentos polêmicos sequer foram colocados em votação, como os convites à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as convocações dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Comunicações), dos senadores Aécio Neves (PSDB), Álvaro Dias (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT), dos tesoureiros do PSDB Rodrigo de Castro e José Gregori, do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, e do diretor licenciado da Transpetro, Sergio Machado.
O relator, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que os líderes decidiram evitar a convocação de políticos por causa do prazo “exíguo” da CPI mista. O colegiado foi instalado em maio e tem duração prevista até 23 de novembro, mas deverá ser prorrogada até 22 de dezembro.
“Nós tivemos um acordo aceito por todos de que nós, em função do prazo exíguo, não trataríamos da convocação de ninguém da política, portanto se incluiu os tesoureiros dos partidos, os dirigentes partidários e os parlamentares”, afirmou Maia em entrevista à imprensa após a reunião.
Entre os requerimentos aprovados nesta quarta-feira, está a convocação de seis pessoas consideradas pelo relator Marco Maia “laranjas” de suposto esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef.
Terão que prestar esclarecimentos à CPI mista Marcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Sider; o executivo João Procópio Junqueira; Marcelo Barboza Daniel, sócio do genro de Paulo Roberto Costa; Waldomiro de Oliveira, da MO Consultoria; Saul Sabbá, representante do Banco Máxima; Rafael Angelo Lopes, ex-funcionário da GFD Investimentos e Meire Bonfim Poza, ex-contadora de Alberto Youssef e que já prestou depoimento à CPI mista.
“Todas as convocações novas são laranjas que tinham algum tipo de relação com o Paulo Roberto Costa ou com o Alberto Yousseff. Então foi uma opção política fruto de um acordo que foi firmado pela comissão”, explicou o relator. As datas dos novos depoimentos ainda não foi marcada.
Empreiteiras
A CPI também decidiu não colocar em votação os pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico das empreiteiras que firmaram contratos suspeitos de superfaturamento com a Petrobras.
Com a justificativa de tempo exíguo, no lugar da quebra de sigilo os líderes decidiram pedir informações a essas empresas, que terão 10 dias para enviar os documentos requisitados. Caso o prazo não seja atendido, a CPI colocará em votação as quebras de sigilo das empreiteiras e as convocações dos responsáveis.
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR) – que vinha cobrando essas quebras -, apoiou a decisão da CPI, mas reclamou da falta de vontade política.
“Não vamos avançar se não investigarmos as grandes empreiteiras. Toda CPI que esteja relacionada com obras do governo envolve grandes empreiteiras e nós não temos avançado nisso. Nós sempre denunciamos isso aqui. Chega no final não há mais tempo para fazer. Eu venho alertando durante todo o tempo de que isso de fato aconteceria, como aconteceu agora”, criticou Bueno.
Depoimento de diretor
Na última quarta-feira (29), o diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto Costa no cargo, prestou depoimento à CPI mista e afirmou que “nunca” ouviu falar “absolutamente nada” sobre suposto esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro dentro da empresa.
“Desconheço. Nunca ouvi falar absolutamente nada sobre isso”, afirmou o diretor quando questionado pelo relator da CPI mista, deputado Marco Maia (PT-RS).
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná no início de outubro, Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, afirmou que havia um esquema de pagamento de propina a partidos com dinheiro de contratos da estatal com fornecedores. Segundo Costa, as diretorias da Petrobras comandadas por PT, PMDB e PP recolhiam propinas de 3% do valor de todos os contratos. As legendas negam.
Do G1, em Brasília
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